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Personalidades Portuguesas dizem que Covid-19 é oportunidade para uma nova relação com a Terra

29 Maio 2020
Personalidades Portuguesas dizem que Covid-19 é oportunidade para uma nova relação com a Terra
Cultura
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Quase uma centena de personalidades de vários setores da Sociedade Portuguesa enviaram uma carta aberta aos decisores políticos, onde sublinham que a crise causada pela Covid-19 “é trágica”, mas “uma grande oportunidade” para uma nova relação com a Terra.
Entre os subscritores da missiva enviada ao Presidente da República, Primeiro-Ministro e Líderes Parlamentares, contam-se nomes como o ator Ruy de Carvalho, os músicos Rui Veloso e Luís Represas, a atriz e ativista ambiental e animal Sandra Cóias (a primeira subscritora), o investigador em alterações climáticas Filipe Lisboa, o atleta Nelson Évora, o professor catedrático e presidente da Zero, Francisco Ferreira, o estilista Nuno Gama, o ator Joaquim de Almeida, ou Filipe Duarte Santos, professor catedrático e presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável.
“A crise sanitária causada pelo Covid-19 é trágica, mas é também a nossa grande oportunidade de criarmos as bases para o nosso futuro numa nova relação entre o Homem e o Sistema Terra. Esta crise convidou-nos a perceber o que é essencial nas nossas vidas e a refletir sobre os hábitos e comportamentos que não só estão por detrás da sua origem, como potenciaram a sua globalização”, afirmam os subscritores.
Os assinantes, das mais variadas áreas da sociedade, como músicos, atores investigadores científicos, ativistas, desportistas, entre muitos outros, sublinham que a crise sanitária criada pela pandemia do novo coronavírus “ensinou a restituir valor ao tempo, às relações e à solidariedade”.
“Sobre o aspeto económico e social, fez-nos refletir sobre os atuais modelos de crescimento; a maximização do lucro, os valores sobre os quais baseamos o nosso crescimento e os graves erros cometidos para com o planeta. O problema é sistémico e pequenos ‘ajustes’ não são suficientes. Não podemos ‘voltar ao normal’”, argumentam.
Sublinham que a crise sanitária e ecológica tem acentuado as desigualdades sociais e pedem medidas para contrariar a situação.
Na missiva, os subscritores “pedem solenemente a todos os líderes – e a todos os cidadãos – para deixarem para trás comportamentos insustentáveis, antigos hábitos, que ainda permanecem, e que adotem uma profunda mudança de objetivos, valores, economia e também do sistema energético, substituindo os combustíveis fósseis por energias renováveis”.
“Este é um modelo mais justo, humano e sustentável. Para que tudo isso seja possível, precisamos de mudanças urgentes de renovação, regeneração e transformação, com políticas de justiça social, pois acreditamos que é impossível ‘voltar ao normal’, afirmam.
Os subscritores defendem também que “a humanidade tem que adotar uma forma de vida sustentável, através da cooperação tendo o bem-estar coletivo como valor maior, como objetivo, sendo necessária uma transformação radical, a todos os níveis, e isso requer atrevimento e coragem” por parte dos líderes políticos.
“A catástrofe ecológica e o declínio das espécies a que temos assistido em todo o mundo, e que nos coloca à beira do ponto de não retorno, é fruto da exploração desenfreada dos valores naturais e da destruição massiva da vida no planeta, da poluição – e disso não existem dúvidas – constituem uma direta ameaça à nossa existência na Terra”, sublinham.
Argumentam também que, “ao contrário de uma crise sanitária, por pior que seja, o colapso ecológico a nível global, terá consequências inimagináveis, como já foi indicado pelos cientistas em todo o mundo” e pedem “uma ação firme e imediata”.
“Só será possível, no entanto, com um compromisso massivo e empenhado de todos. Não só estamos perante uma situação de sobrevivência, como de coerência e dignidade como seres humanos. E a partir do nosso país podemos e devemos estar na senda desta mudança que queremos ver no mundo. Restaurando a Terra, a Terra restaura-nos”, concluem.