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Partido Comunista Português acusa Governo de hipocrisia por estudos sobre Metro do Porto

4 Março 2020
Partido Comunista Português acusa Governo de hipocrisia por estudos sobre Metro do Porto
Política
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O Partido Comunista Português (PCP) defendeu que o desenvolvimento da rede de Metro do Porto “não precisa de mais estudos, mas de vontade e decisão política”, acusando o Governo de “propaganda e hipocrisia” e de querer “apagar compromissos anteriormente assumidos”.
“O necessário desenvolvimento da rede Metro do Porto não precisa de mais estudos, precisa de vontade e decisão política. Desde 2008 que o governo tem o compromisso com a Área Metropolitana de construir cinco linhas. Não precisa de novos estudos, precisa decidir construir e disponibilizar as verbas necessárias”, alerta a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP, em comunicado, a propósito do protocolo assinado entre o ministro do Ambiente, a Metro do Porto e vários autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP).
Para o PCP, está em causa “mais um episódio de propaganda e hipocrisia política”, no qual “o governo procura apagar as suas responsabilidades com a região e os compromissos anteriormente assumidos”.
“Quando o Ministro do Ambiente anuncia a disponibilidade de 860 milhões de euros (“620 milhões de euros para a rede Metro e 240 milhões de euros para MetroBus”) está, na prática, a faltar aos compromissos do governo com a região”, acusa o PCP.
O PCP lembra que as cinco linhas “prioritárias” estão definidas “há mais de uma década” e “apenas precisam de decisão política para que sejam concretizadas”.
Em causa, diz o PCP, está o prolongamento do metro até à Trofa, “a partir do ISMAI e devolvendo o transporte a estas populações que há mais de 17 anos ficaram sem o comboio”.
A esta, soma-se a “linha de Valbom, com ligação ao centro de Gondomar a partir de Campanhã, perspetivando uma ligação futura a Fânzeres e criando uma rede circular com a linha Laranja”.
Na lista do PCP surge ainda a “linha do Campo Alegre, unindo as estações atuais de São Bento e de Matosinhos Sul” e a linha das Devesas, “a partir da Casa da Música e perspetivando a ligação com a linha do Campo Alegre e a linha Amarela em Vila D`Este”.
Isto, explicam, “criando uma ligação circular entre Gaia e o Porto”.
O PCP cita ainda a “ligação a São Mamede de Infesta, a partir da atual estação Pólo Universitário, perspetivando a ligação futura a Matosinhos Sul e criando uma ligação circular entre Matosinhos e o Porto”.
Por último, refere a “ligação à Maia, a partir do Hospital São João, perspetivando a junção com a linha do Aeroporto na estação Verdes, criando uma ligação circular com a cidade da Maia”.
Quanto aos “alegados entendimentos de bastidores quanto às linhas a construir”, o PCP “considera que seria inaceitável que os investimentos a realizar na região fossem submetidos a qualquer arranjo partidário”.
“O que precisamos não é de um entendimento entre dois ou três concelhos geridos por autarcas de um determinado partido político. O que a região precisa é de um calendário de concretização destas linhas, sem exclusões”, afirmam.
O ministro do Ambiente garantiu aos autarcas da Área Metropolitana do Porto que os estudos vão ser feitos “de forma completamente transparente e com o maior rigor técnico”.
A garantia não impediu a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, de lamentar o protocolo “feito à pressa” e o autarca da Trofa, Sérgio Humberto, de lembrar que a linha de metro daquele concelho já foi alvo dos “estudos todos”, sendo uma promessa com 18 anos, feita por dali terem retirado a linha de comboio.
Os autarcas lamentaram ainda que o tema não tenha sido discutido nas reuniões da AMP.
O presidente da Câmara de Espinho disse estar instalado um clima de “mal-estar e desconfiança” no Conselho Metropolitano do Porto, devido à “discriminação” de certos municípios e decisões tomadas “por baixo da mesa”.
A Área Metropolitana do Porto e o Governo vão avançar com os estudos de viabilidade económica em sete linhas do metro do Grande Porto, cuja expansão será decidida até ao final do ano.
Em causa estão cerca de 860 milhões de euros do Plano Nacional de Investimento (PNI) 2030, cujo futuro, desafiava em janeiro o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, devia ser decidido pelos municípios.
Destes 860 milhões, cerca de 620 milhões de euros destinam-se à consolidação da rede do Metro do Porto e 240 milhões de euros para o desenvolvimento de sistemas de transportes coletivos, verbas que deverão ser executadas entre 2021 e 2030.