A Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) do Porto decidiu proibir o mercado de gado promovido pela Leicar, Associação de Produtores de Leite e Carne, agendado para segunda feira na Póvoa de Varzim, ao qual a autarquia local se opunha.
“Perante o pedido da câmara para não se realizar um evento porque viola a legislação [no quadro de Estado de Emergência que vive o distrito e o país], evento que a realizar-se ia juntar mais de 300 pessoas no mesmo espaço, e perante um parecer desfavorável do delegado de saúde, não havia outra alternativa que não impedi-lo”, disse o presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil do Porto (CDPC), Marco Martins.
Já num e-mail enviado pela Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) do Porto ao Comandante Operacional Distrital de Socorro (CODIS), lê-se que esta decisão foi tomada depois de contactos efetuados com a ministra da Agricultura, tendo esta garantido, lê-se no texto, que “a não realização do leilão ‘mercado Leicar’ não impediria o normal funcionamento da cadeia alimentar e dos respetivos canais de distribuição”.
A Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) do Porto refere que, além do pedido da autarquia poveira e do parecer negativo da autoridade de saúde local, tomou esta decisão devido “à falta do título de utilização daquele espaço para aquele fim” e devido à “não apresentação de um plano de contingência para a atividade”.
Em causa está um evento conhecido como mercado de gado de Rates, suspenso desde o dia 14 deste mês devido à pandemia de Covid-19, mas que a promotora Leicar pretendia retomar esta segunda feira.
Em comunicado, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim manifestou-se contra a realização da iniciativa, considerando que se realizaria “contra todas as recomendações e parecer da autoridade local de saúde pública”.
Perante os desenvolvimentos, a Leicar decidiu suspender o mercado de gado, embora deixando críticas à forma como as entidades lidaram com o assunto.
“Numa postura de bom senso, e para não alimentar mais o ‘circo mediático’ que se instalou, decidimos não realizar o mercado. Mas é ridículo ver que ninguém se preocupou em contactar-nos para perceber como estávamos a preparar a iniciativa”, disse Rui Sousa, presidente do Associação de Produtores de Leite e Carne.
O dirigente considerou que a medida “deixa os agricultores altamente prejudicados”, e questionou “a coerência das entidades em proibirem este evento da Leicar, mas a manterem em funcionamento mercados abastecedores e municipais ou as lotas de peixe”.