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Duas mil colheres de pau mantêm tradição da Feira dos Namorados de Vila do Conde

21 Janeiro 2020
Duas mil colheres de pau mantêm tradição da Feira dos Namorados de Vila do Conde
Cultura
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Os alunos das escolas de Vila do Conde ajudaram a manter viva uma secular tradição do concelho, transformando mais de duas mil colheres de pau em pequenas obras de arte para serem vendidas na “Feira dos Namorados”.
O evento, também conhecido como a “Feira Grande de Janeiro” ou a “Feira das Colheres de Paus”, tem raízes num mercado que acontecia em Vila do Conde desde o século XVII e, apesar de, ao longo dos tempos, sofrer algumas transformações, manteve a sua génese popular.
Em outros tempos, as decoradas colheres de pau serviam como pretexto para um pedido de namoro, contendo desenhos de cores vivas e versos que pretendiam impressionar e apelar ao sentimento para aproximar os casais.
Agora, apesar do fim mais decorativo, estas colheres continuam a carregar o simbolismo da tradição, algo que a Câmara Municipal de Vila do Conde pretende fazer perdurar, envolvendo as novas gerações.
“Manter viva esta tradição, vinculando a ela os nossos jovens com o trabalho feito nas escolas, faz-nos pensar que a vamos continuar a perpetuar, ainda que de um modo diferente, mas mantendo a identidade de Vila do Conde”, disse Elisa Ferraz, presidente da Câmara Municipal.
A autarca tem memórias de participar nesta feira, falando “de um vivência pessoal muito emocionante” que a faz “viajar até à juventude”.
“Era uma feira onde os jovens se encontravam e trocavam as colheres na tentativa de arranjar um namorado. Era uma época diferente, onde este tipo de vivências eram vividas de forma muito especial”, sublinhou Elisa Ferraz.
Os tempos ajudaram, também, a moldar outros objetivos para esta “Feira das Colheres de Pau”, uma vez que as receitas com as vendas dos objetos revertem para instituições de solidariedade social do concelho.
“Compatibilizam-se dois princípios, de manter a tradição e sensibilizar os jovens para as questões do âmbito social”, explicou a presidente de Câmara Municipal de Vila do Conde.
O envolvimento das escolas nesta iniciativa foi pleno, com os alunos a despenderem do seu tempo para decorar as colheres, numa atividade que, muitas vezes, é feita em família.
“Nós, professores, demos orientação, mas eles [alunos] também trabalharam em casa, com os pais e a família, ajudando não só manter esta tradição do concelho, mas também promovendo o convívio familiar”, afirmou Rosalina Oliveira, uma das docentes envolvidas no projeto.
A docente notou que as colheres “são mais procuradas por um público mais velho, que conhece a tradição”, mas que os mais jovens “também gostam muito, sobretudo do processo da criação”.