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Candidatos à liderança do CDS a favor do regresso ao partido de ex-presidente Manuel Monteiro

24 Janeiro 2020
Candidatos à liderança do CDS a favor do regresso ao partido de ex-presidente Manuel Monteiro
Política
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Manuel Monteiro, ex-presidente do CDS, pode voltar à militância ativa no partido, após 22 anos de afastamento, seja qual for o candidato que vencer o congresso de Aveiro, em 25 e 26 de janeiro.
O regresso de Manuel Monteiro ao partido foi uma das questões colocadas aos cinco candidatos à liderança dos centristas e todos mostraram abertura para resolver, com mais ou menos entusiasmo, o impasse quanto à sua refiliação.
No final de outubro, a direção de Assunção Cristas optou por não decidir, até ao congresso de janeiro, a refiliação no CDS do ex-líder, que deixou o partido em 1998 para fundar a Nova Democracia (ND).
Após uma progressiva reaproximação aos centristas, desde que se afastou da Nova Democracia (ND) em 2009, Manuel Monteiro participou em várias iniciativas do seu antigo partido, a convite da Tendência Esperança em Movimento (TEM), no ano passado.
Em setembro, entregou a ficha de refiliação na concelhia da Póvoa de Varzim, distrito do Porto, que aprovou a sua inscrição.
Até agora, a direção nada decidiu, o que foi considerado um “ato censório” que “não cabe num partido que se diz pluralista e democrático”, afirmou Abel Matos Santos, porta-voz da Tendência Esperança em Movimento (TEM), à margem do conselho nacional do partido, em 17 de outubro.
O candidato Filipe Lobo d’Ávila afirmou que nada tem “contra o regresso de quem quer que seja ao CDS” e admitiu que o problema já deveria estar resolvido.
E “se Manuel Monteiro quer estar em paz com o CDS” não será por ele que “terá problemas quanto a isso”, afirmou Filipe Lobo d’Ávila, lembrando que, no passado, criticou-o publicamente “quando Manuel Monteiro fez algumas declarações que eram indelicadas, no mínimo, relativamente ao CDS e a dirigentes do CDS”.
“Nós somos poucos, somos muito poucos neste momento para impedir que mais pessoas venham até nós para nos ajudar a reerguer o CDS”, concluiu Filipe Lobo d’Ávila.
Já João Almeida, deputado desde o tempo da liderança de Paulo Portas, com quem Manuel Monteiro manteve uma relação tensa, admitiu que o problema já deveria ter sido resolvido “no atual ciclo político”, com Assunção Cristas, a que pertenceu, e disse ter dado essa opinião na comissão executiva do partido.
Se não for resolvido e for eleito líder, João Almeida vai pedir a Manuel Monteiro “para conversar” para tentar uma “solução conversada”.
“Deu-se um peso político a esta questão que o futuro presidente do partido não pode ignorar. E o respeito que também tem de ter por um ex-presidente do partido leva a que deva com ele encontrar a solução para esta situação”, acrescentou João Almeida.
Francisco Rodrigues dos Santos, o líder da Juventude Popular, entende que “um partido como o CDS tem que se reconciliar com todos aqueles que se sentem bem no CDS e que querem ajudar a reerguer o partido e a relançá-lo”, e estima que essa ideia “corresponde ao sentimento coletivo e generalizado” dos centristas.
“Manuel Monteiro foi um presidente que marcou um período de tempo da história do CDS. Querendo estar de volta, não vejo por que razão o CDS não quererá contar com os seus contributos, que podem ser valiosos para credibilizar o partido junto da opinião pública”, salientou Francisco Rodrigues dos Santos.
Apesar de ressalvar que não tem informações sobre o processo, o candidato assinala que este atraso é “muito estranho” e recusa “processos políticos para impedir e obstaculizar adesões a novos filiados”.
Carlos Meira, ex-líder da concelhia de Viana do Castelo e empresário, afirmou que, “sinceramente”, não sabe “se será positivo” para Manuel Monteiro “o seu regresso ao CDS”.
Apontando a contradição dos “ditos barões” e “autoproclamados notáveis” do partido que defendem que “todos são necessários” e depois unem-se contra a refiliação do ex-líder, o que revela uma “ignorância profunda” dos estatutos.
“Quer queiram ou não, juridicamente falando, [Monteiro] já está filiado no CDS”, conclui Carlos Meira.
Os candidatos à liderança do CDS são Abel Matos Santos, Carlos Meira, Filipe Lobo d’Ávila, Francisco Rodrigues dos Santos e João Almeida.
O 28.º congresso nacional, marcado para 25 e 26 de janeiro em Aveiro, vai eleger o sucessor de Assunção Cristas na liderança dos centristas, que decidiu deixar o cargo na sequência dos maus resultados nas legislativas de outubro de 2019 – 4,2% dos eleitores e cinco deputados.