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Pescadores do Norte de Portugal refutam acusações do Algarve sobre pesca de biqueirão

7 Novembro 2019
Pescadores do Norte de Portugal refutam acusações do Algarve sobre pesca de biqueirão
Economia
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Os pescadores do Norte do país disseram “não entender a divisão” criada pelos colegas de profissão do Algarve, sobre o esgotar da quota de pesca do biqueirão, considerando que as acusações feitas “não têm fundamento”.
A reação surge na sequência da afirmação de Mário Galhardo, presidente da cooperativa de pescadores do Algarve (Barlapescas), que apontou que “a Norte andaram a apanhar quantidade [de biqueirão] a mais”, e que tal condicionou a gestão da mesma no resto do país.
“Não entendemos as acusações nem o fundamento desta divisão. O Algarve devia estar solidário e dizer que a quota não chegou, mas para todos nós”, refutou, Agostinho Mata, presidente da Propeixe – Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte.
O líder da Propeixe lembrou que “historicamente, tem aparecido mais biqueirão no Norte e o Algarve tem apanhado apenas quantidades residuais”, garantindo que as capturas feitas “cumpriram as regras impostas pela tutela”.
“Desde agosto que andamos a apanhar biqueirão no Norte, e o Algarve, que fez apenas algumas pescarias esporádicas, só se lembrou agora desta questão? O que deviam falar é que a quota tem de ser maior para todos”, disse Agostinho Mata.
O dirigente apelou “a uma união de todos os pescadores” para mostrar à tutela que a quota, de cerca de quatro mil toneladas, que já foi esgotada, “tem de ser revista”.
“Ninguém entende o motivo da quota ter sido tão pequena. Estamos furiosos com a situação, mas não é o Norte ou Algarve que tem culpa disso. Há muito biqueirão ainda no mar”, garantiu Agostinho Mata.
O presidente da Propeixe assegurou que “os pescadores avisaram a comunidade científica que tem de haver um erro nos estudos”, desabafando que “foi uma surpresa quando fixaram esta quota de miséria”.
“Estamos muitos irritados com o que foi feito à pesca portuguesa, em relação ao biqueirão. Não conseguimos explicar aos nossos homens o porquê de terem de parar, quando há a evidência de muito peixe no mar. A situação tinha de ser reavaliada”, afirmou o dirigente.
Agostinho Maia frisou que “o biqueirão é espécie de alto rendimento” e que o fixar “de uma quota tão pequena prejudica os pescadores e a economia portuguesa”, voltando a enviar uma mensagem para os congéneres algarvios.
“Não é preciso divisões, mas sim trabalhar, em conjunto, para a quota aumentar”, apelou.
Os pescadores algarvios acusaram os da região Norte de terem esgotado a quota anual de biqueirão para Portugal por excesso de captura.
“A Norte andaram a apanhar o que achamos que foi quantidade a mais, cerca de 4.000 quilos por dia. Se tivesse sido feita outra gestão, poderíamos nesta altura estar a trabalhar tanto a norte, como a sul”, contestou Mário Galhardo, presidente da cooperativa de pescadores do Algarve (Barlapescas).
A pesca desta espécie é encerrada “precisamente numa altura em que o biqueirão ocorre naturalmente na costa sul” e num período em que seria “uma alternativa à interdição da sardinha”, refere aquele responsável num comunicado conjunto das organizações de produtores do cerco sediadas no Algarve, a Barlapescas e a Olhãopesca.