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Dezenas de escolas encerradas no Porto devido a greve dos Trabalhadores em Funções Públicas

29 Novembro 2019
Dezenas de escolas encerradas no Porto devido a greve dos Trabalhadores em Funções Públicas
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Dezenas de escolas do distrito do Porto estão hoje encerradas devido à greve nacional dos trabalhadores não docentes dos estabelecimentos de ensino, disse o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.
“Já sabemos [às 08:45] de mais de duas dezenas de escolas encerradas no distrito do Porto. Embora ainda seja cedo para recolher todas as informações, temos conhecimento de mais de 20 escolas enceradas só aqui no Porto”, disse Orlando Gonçalves.
Segundo o dirigente sindical, a expectativa é que “a esmagadora maioria das escolas portuguesas hoje feche por uma razão muito simples, a greve foi pedida pelos trabalhadores”.
“Este novo Governo, que tomou posse há pouco mais de um mês, não faz uma única referência no seu programa de governo, de 196 páginas, ao pessoal não docente da educação. Fala muito na estabilidade do quadro docente, o que nós achamos importante e que é necessário, mas a estabilidade do quadro não docente é tão importante como a do pessoal docente”, acrescentou.
Considerou ainda que “o facto de o Governo nem sequer falar nestes trabalhadores, além de ser uma falta de respeito, demonstra que não tem interesse em resolver esta situação”.
“Pelas nossas contas, seriam precisos entre cinco e seis mil trabalhadores a nível nacional para que as escolas funcionassem devidamente. Entre 2010 e 2018 sairiam 12 mil trabalhadores e, desde então, poucos foram contratados”, frisou.
Orçando Gonçalves falava à porta da Escola Secundária Clara de Resende, que hoje encerrou e onde ao início da manhã se concentravam pais e alunos a aguardar a informação sobre o encerramento ou não do estabelecimento de ensino.
À hora de abertura dos portões foi afixado um papel informando do encerramento da escola, o que deixou alunos satisfeitos e país contrariados, embora alguns tenham dito aos jornalistas que entendem as razões.
Entre os alunos havia quem desconhecesse o motivo da greve, quem a confundisse com a greve pelo clima e quem inventasse a teoria de que “os funcionários fazem greve por causa da Black Friday”.
Manuel Lima e Maria Duarte, alunos do 7.º ano, da Escola Fontes Pereira de Melo – que também encerrou – localizada a poucos metros da “Clara de Resende”, aguardavam a chegada dos pais para regressar a casa.
Questionados sobre as razoes da greve disseram: “funcionários insatisfeitos com salários e condições de trabalho”.
Por todo o país, trabalhadores não docentes dos estabelecimentos de ensino estão em greve, em protesto contra a falta crónica de funcionários nas escolas.
A greve foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, com o argumento de que a falta de pessoal não docente se arrasta sem solução há anos, apesar das promessas dos sucessivos governos e que o problema se agravou no presente ano letivo.
A estrutura sindical exige ainda o fim da precariedade, a integração dos atuais trabalhadores precários e a contratação imediata de mais 6.000 trabalhadores para os quadros.
A lista de reivindicações inclui ainda uma nova portaria de rácios e dignificação salarial e funcional e o fim do processo de descentralização das escolas públicas, e um ensino universal, inclusivo e de qualidade.