A artista brasileira Bárbara Wagner, que representa o Brasil na Bienal de Veneza, disse que “a sala de aula é o principal espaço de disputa” na atualidade daquele país.
Bárbara Wagner vai apresentar no Porto, a partir de quinta feira, o filme “Faz Que Vai”, criado em colaboração com o alemão Benjamin de Burca, sobre o frevo de rua, manifestação típica do Recife.
À margem desta apresentação, vai decorrer uma aula aberta de Moacir dos Anjos, da Fundação Joaquim Nabuco, e uma oficina de frevo orientada por um dos bailarinos presentes no filme, Edson Vogue.
A dupla vai ainda apresentar “Rise”, a curta-metragem filmada em Toronto, com imigrantes na cidade canadiana, no Curtas Vila do Conde, em julho. “Rise” venceu o Urso de Ouro de melhor curta-metragem, no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no passado mês de fevereiro.
Os artistas consideraram que a presidência de Jair Bolsonaro, no Brasil, afetou o trabalho no campo da investigação e da educação neste país.
“Tenho de imaginar que o Edson [Vogue] estudou num momento muito certo, e essa possibilidade não existe para outros Edsons, que estão a chegar hoje a essa fase”, apontou o artista alemão, há vários anos a trabalhar no Brasil.
Já Bárbara Wagner destaca que o bailarino é “fruto de um tipo de política que se viu na última década [no Brasil] e que está a desmanchar-se e desmontar-se” desde 2016, com a educação a tornar-se “o principal espaço de disputa” e “o problema mais sério”, no país.
“Assistimos ao desmanchar das políticas de incentivo à pesquisa e à educação”, diz Bárbara Wagner, com Benjamin de Burca completando com a ideia de que este efeito torna “o Brasil mais pobre, o que é muito perigoso em vários sentidos”.
Edson Vogue “pensou este workshop em torno do frevo e do ‘voguing’”, depois de um processo em que terminou um estudo sobre as práticas de dança, ao longo da rodagem do filme, resultado apresentado agora no Porto. A instalação em torno de “Faz Que Vai” fica patente até 28 de julho no Maus Hábitos.