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“Os anos que abalaram o (nosso) mundo!” em palco na Póvoa de Varzim pelo Teatro Art’Imagem

10 Abril 2019
“Os anos que abalaram o (nosso) mundo!” em palco na Póvoa de Varzim pelo Teatro Art’Imagem
Cultura
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A peça “Os anos que abalaram o (nosso) mundo!”, com estreia dia 24 no Fórum da Maia, retrata os primeiros dias depois da madrugada de 25 de abril a partir das memórias do encenador, José Leitão.
“Este projeto começa no final de 2017, fiz então um primeiro espetáculo [‘O Fascismo (Aqui) Nunca Existiu!’] relativamente aos anos de 1945-74, foi uma espécie de retrato do fascismo e do Estado Novo através das memórias que dele vim tendo, é uma biografia muito leve porque misturo um conjunto de coisas, não sou eu mesmo que estou ali, […] são os portugueses”, disse José Leitão, fundador e diretor do Teatro Art’Imagem.
O encenador e dramaturgo, que celebra este ano o seu 73.º aniversário, conta que o projeto “Identificação do Meu País”, no qual está inserida a peça, surgiu da vontade de “deixar um testemunho” e “é um balanço do que viveu e como viveu o país segundo as suas memórias […] reconstruídas ao longo deste tempo todo de vida”.
“Uma das razões da arte e do teatro é avivar memórias, fazer perguntas ao passado para respondermos ao presente”, disse José Leitão, que explicou que só se interessa pelo passado “se o passado tiver alguma coisa a ver com o presente.”
“Sem sabermos a história, sem perguntarmos ao passado nunca perceberemos o que se está a passar no presente. De facto, presentemente as coisas têm nuvens bastante negras que ameaçam chuvas e tempestades, […] aparentemente a determinados níveis as coisas melhoraram bastante e para melhor, a outros níveis principalmente no político as coisas estão de facto a descambar para trás”, afirmou o encenador.
Na peça “Os anos que abalaram o (nosso) mundo!”, a revolução de 1974 não é abordada em “toda a sua plenitude” e o encenador optou por dar protagonismo à madrugada de 25 de abril de 1974, que descreve como uma das mais “gloriosas da história [portuguesa]”, e aos dias que se seguiram, os “mais felizes do país em toda a sua história”.
Para além de ser uma “homenagem a esses dias, ao povo português e à história” nacional, a peça é uma homenagem ao teatro que também passou uma revolução ética depois do 25 de abril, “pondo-se ao serviço daquilo que é a sua função de comunicar com o povo, levantar problemas e questionar a vida”, sendo o teatro de hoje “estilhaços” da revolução.
O espetáculo “é fundamentalmente um […] de teatro de atores”, mas “está muito contaminado pelo audiovisual”, pois, como conta José Leitão, havia vontade de homenagear o cinema, a televisão, a fotografia, a música e as artes plásticas que estiveram “no meio do furacão” e “retrataram muito bem este tempo histórico”.
A peça pode ser vista na Maia nos dias 24 e 25, seguindo-se depois encenações em Ponte de Lima, dia 27, Aveiro, 3 de maio, e Póvoa de Varzim, 4 de maio.