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Vila do Conde produz chá envelhecido em pipas de Vinho do Porto e já exporta para Macau

13 Março 2019
Vila do Conde produz chá envelhecido em pipas de Vinho do Porto e já exporta para Macau
Economia
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O amor uniu uma ex-jornalista e um produtor de vinhos no Norte de Portugal e o resultado foi a criação do primeiro chá afinado em barricas de Vinho do Porto, cuja produção já é exportada para Macau, na Ásia.
Os primeiros 40 quilos de chá Oolong, uma categoria entre chá preto e chá verde, que estagiaram durante seis meses em pipas de vinho do Porto com várias décadas, já estão a ser exportados a partir de uma herdade em Fornelo, no concelho de Vila do Conde.
Pequenas caixas de madeira onde cabem 75 gramas daquele produto biológico oriundo da Ásia começaram recentemente a ser exportadas de Vila do Conde para várias lojas biológicas e ‘gourmet’ de todo o país e também para Macau, região administrativa especial da República Popular da China e uma ex-colónia portuguesa.
Cada caixa de madeira com aquele chá especial, batizado de Pipa Chá, custa 19 euros, diz a ex-jornalista alemã Nina Gruntkowski, 42 anos, que chegou a Portugal há uma dúzia de anos trazida “por amor” e criou a empresa Chá Camélia, em Fornelo, Vila do Conde, com cerca de dois hectares de extensão, onde se está a produzir para além de chás especiais, o primeiro chá verde em Portugal Continental.
O Pipa Chá deve ser preparado com água a 90 graus centígrados, deve-se deixar repousar no bule “durante três minutos” e a planta aguenta três infusões sem perder qualidade, descreve a responsável pela criação do chá com travo a vinho do Porto.
“O meu marido [Dirk Niepoort] tem uma empresa de vinho do Porto e usamos as pipas pequenas do vinho da Niepoort para estagiar o chá Oolong e afinar mais o gosto do chá”, conta Nina, assinalando que conseguiram realizar o “casamento perfeito entre dois sabores, o do chá e o vinho”.
Nina Gruntkowski descreve que o Pipa Chá, quando chega à boca, traz “um sabor ligeiro a chá preto”, com aromas “complexos de frutos secos e taninos delicados”, para depois, e no final, ficar uma “nota prolongada de vinho do Porto ‘tawny’, bem velho, porque as pipas eram utilizadas para colheitas velhas.
O Pipa Chá tem dois momentos mais adequados para ser degustado, embora se possa beber em qualquer altura. Um dos momentos é o “clássico chá à tarde, que pode ser bebido só ou com um bolo ligeiro, como o pão de ló” e o outro momento é no “fim de jantar”, em substituição do Vinho do Porto, ou antes deste, aconselha a especialista, antiga repórter de uma rádio alemã e que realizou reportagens pelo mundo inteiro.
Atualmente, o chá Oolong, que é afinado nas pipas de Vinho do Porto, é importado de plantações biológicas da China e Taiwan, principalmente de uma plantação biológica da família Morimoto, situada na ilha mais a sul do Japão, perto da cidade de Miyazaki.
“Gostamos mesmo desta qualidade de chá por encaixar tão bem com os sabores do Vinho do Porto”, confessa aquela apreciadora de chá e gestora da Chá Camélia, empresa que tem o objetivo de produzir um “chá verde de alta qualidade de estilo asiático”.
Segundo Nina Gruntkowski, este ano realizaram uma segunda colheita experimental de chá verde ‘made in’ Portugal Continental e percebeu-se que a qualidade que sai do terreno de Fornelo é “muito boa”.
“Para o ano, vamos ter a primeira colheita em maior escala”, garante a antiga jornalista, que fez reportagem pela Namíbia, Moçambique, África do Sul e Brasil antes de se entregar à cultura do chá, mas só daqui a cinco anos, altura em que todas as plantas tiverem o tamanho certo para serem recolhidas, é que vai ser possível quantificar a produção.