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Descentralizar Vila do Conde

9 Fevereiro 2018
Descentralizar Vila do Conde
Opinião
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falava há poucos dias no XVI Congresso da Associação Nacional de Freguesias em descentralizar e dizia que “muitos políticos a nível central não têm a noção do que é o quotidiano, do que é 24 horas por dia ter apelos para a resolução de problemas concretos, específicos e complexos”. Portanto conclui-se que descentralizar é preciso.
E não falo só do poder central, do Estado, mas também do poder autárquico que para mim se baseia nas decisões tomadas pela sede do concelho sem ouvir as freguesias nem os munícipes.
E o Presidente da República, na minha opinião, também deu a entender que era necessário rever a divisão do território.
Uniram-se freguesias por imposição da Troika e porque não agora recolocá-las e até criar novas já que a crise está a dissipar-se.
Com devem saber eu sou um defensor de se criar em Vila do Conde uma nova freguesia, a de Caxinas.
Como disse o “nosso” jornalista Abel Coentrão: “mais que um desejo de independência é puder viver a nossa cultura marítima, as nossas tradições com a certeza de que nenhuma dependência apagará esta identidade ancorada no mar”.
Existe uma linha que separa duas realidades bem diferentes, no mesmo território, as avenidas Comandante Coutinho Lanhoso, Júlio Saúl Dias e do Atlântico. Do lado norte temos Caxinas e mais alguns lugares, do lado sul temos Vila do Conde.
Para mim, dadas as significativas diferenças, principalmente culturais, de identidade e modus vivendi com o centro da cidade, Caxinas deveria ser elevada a freguesia, ser independente.
E tudo isto por uma questão de respeito pelo que somos, pelo que temos e pelo que queremos!
Caxinas está a ser aproveitada, manipulada e condicionada pelo poder central da autarquia.
Temos condições para ser freguesia e muito mais. Dou como exemplo A Ver-o-Mar e Aguçadoura, no concelho vizinho da Póvoa de Varzim, que depois de serem freguesia passaram ao estatuto de Vila. O que é que tiveram para isso que nós não tenhamos?
Eu sei que existem muitos requisitos para a criação de uma freguesia, como descreve a lei n°8/93, de 5 de Março de 1993, que define o seu regime jurídico, e alguns muito complexos.
Eu não sou jurista nem especialista nesta matéria. Sou um homem de ideias, um “opinador”. Não tenho competência para iniciar este processo, mas temos com certeza cá na terra gente capaz de o fazer (advogados, jornalistas, doutores, gente com influência, etc.), basta haver conjugação de ideias, esforços e vontade para o fazer avançar.
Eu com isto não pretendo desunir mas sim valorizar os locais e as suas gentes, fazê-las crescer com a sua identidade, cultura e tradição e não vê-las sufocadas por um poder que pouco tem a ver com elas e nem as sentem realmente no coração.
Não sejamos ingénuos, só nos dão valor na altura das eleições.
Estou convencido que se Caxinas fosse freguesia não se teriam cometido os erros subejamente conhecidos e estaríamos qualitativamente melhor.
Como dizia no início, pela voz do Presidente da República, esse poder não tem a noção do quotidiano e dos apelos que continuamente chegam para resolver problemas concretos, específicos e complexos e se tem não se vê, pois quase tudo, para ser resolvido, quando o é, tem que ter o aval da Câmara.
Temos vindo a abordar este assunto já a alguns anos mas nada de concreto se fez.
Quem tiver vontade e crer em que isto se torne realidade é formar um grupo de trabalho para se saber da viabilidade desta pretensão. Penso que muitos Caxineiros o desejam e, como dizia António Gedeão na sua Pedra Filosofal, sempre que um homem sonha o mundo pula e avança.

António Postiga