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Educação: dos tempos remotos à atualidade

15 Dezembro 2017
Educação: dos tempos remotos à atualidade
Opinião
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A educação é o pilar da construção da personalidade de cada ser humano, desenvolvendo características que conferem individualidade ao mesmo.
A educação processa se em duas fases distintas: durante a infância cujos padrões a seguir são os dos progenitores e familiares; na adolescência onde os jovens tendem a expandir as suas relações de convivência, integrando se em grupos que são fulcrais para a postura que irão adotar durante a sua vida…
Ao longo do tempo, os padrões educacionais sofreram um processo evolutivo.
Tomando como ponto de partida, a geração dos nossos avós, podemos caracterizá-la como uma geração formal no trato, uma liberdade fictícia condicionada pelos princípios da época, uma primazia centrada na educação do filho varão, que em tempos remotos, adquiria ao nascimento o direito de ser doutor. Este quadro era visível em famílias abastadas, porém, naquelas onde o pão escasseava à mesa, as crianças mal completavam o quarto ano de escolaridade, ou antes mesmo, tornavam se mão-de-obra ativa adotando desde tenra idade responsabilidades inerentes à de um jornaleiro adulto e deixando para trás um rasto de mágoa, uma carreira estudantil cujo desfecho foi renegado e esvai-se no tempo. Este estilo de educação propiciava o surgimento de indivíduos recalcados, esbatidos por um tempo fugaz que lhe roubou a candura, a ingenuidade e a capacidade de sonhar. A mulher, esta era enclausurada em casa, onde desempenhava as funções de fada do lar, sempre oprimida pela autoridade masculina.
Transitando destes tempos marcados pela soberania masculina e aos quais a nossa juventude apelida de uma geração “cota” e focando o nosso olhar na atualidade, podemos reiterar que se metamorfoseou. Hoje, a escolaridade obrigatória expandiu-se até ao décimo segundo ano ou a idade de 18 anos, o que faculta uma vivência mais autónoma, num universo mais lato, tornando os jovens os principais responsáveis para edificar a sua própria personalidade e conduta na sociedade. Deste modo, podemos asseverar que os progenitores adquirem um papel passivo, situação gerada pelo próprio mercado de trabalho, onde os adultos estão enquadrados e onde, para sobreviverem, a competição intrínseca associada à sua atividade laboral, descuram da atenção e disciplina que deveriam ministrar aos seus rebentos.
Vítimas destas deambulações a que o mundo moderno submete os adultos, as crianças iniciam o seu percurso académico aos três meses quando ingressam no infantário, ficando privados do calor afetivo da mãe. A partir deste momento, os miúdos tendem a socializar com aqueles com quem mais se assemelham e assim prossegue este processo social, onde os miúdos constituem uma família a quem confessam sentimentos e emoções. Assim se enfraquecem os vínculos familiares cuja tertúlia surge ao serão quando todos (ou supostamente a sua maioria) desempenham a suas tarefas, comprometendo o diálogo e a partilha de vivências.
Deste modo, os anos sucedem se, os conflitos multiplicam se, nomeadamente quando a personalidade dos jovens não contemplam valores sólidos, já que, neste processo de socialização podemos afirmar que os adolescentes são autodidatas. Embora o papel do educador da escola seja exímio (sem contudo se valorizar o mesmo, uma vez que o docente muitas vezes chega a ser vítima de molestas ao longo da sua carreira pedagógica), não é o suficiente e por vezes é feito um juízo errado dos mesmos.
Perante este cenário, concede-se o direito de ratificar que, apesar de atualmente, seja concedida uma maior liberdade aos jovens no que tange o processo de socialização, esta não passa de um ludibrio e propicia o uso de substância tóxicas, de álcool, que em diversos casos é usado como um pedido de auxílio que emerge desta falta de interação no seio familiar.

Maria do Carmo Fonseca