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Futuro risonho?

29 Novembro 2017
Futuro risonho?
Opinião
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O Rio Ave teve recentemente eleições onde António da Silva Campos encabeçou a única lista que foi a votos. Com a recuperação financeira, melhoria das infra-estruturas e com a consolidação da equipa na primeira divisão, sempre em crescendo de potencial de ano para ano, dificilmente os rioavistas não apoiariam a sua continuidade nos comandos do Clube, sendo essa a vontade de ASC. A lista apresentada trouxe alguma renovação e uma grande surpresa, com a não continuidade do Engº Mário de Almeida como presidente da Assembleia Geral, cargo que exercia há 35 anos e que por várias vezes salvou o Clube de cair num vazio directivo. Também nos resultados das eleições houve algo que me surpreendeu. Tendo em conta a unanimidade em torno do trabalho exercido por ASC nos comandos do clube, houve ainda assim cerca de 20% dos rioavistas que votaram “NÃO”, opondo-se à proposta de ASC. O único ponto onde eventualmente poderá haver alguma divisão nos rioavistas, será na possível passagem de SDUQ a SAD ou não. Certo é que esse tema, abordado há alguns meses atrás, não fazia sequer parte do programa eleitoral de ASC, talvez por causa do encaixe financeiro recorde que se fez com as transferências durante este ano que deram mais saúde financeira ao Clube, mas também pelas restrições que entretanto a China colocou em termos de investimento no futebol estrangeiro. Seria por isso mais esclarecedor se os 109 rioavistas que votaram “NÃO” apresentassem publicamente as suas razões e criassem uma lista alternativa, para que os sócios pudessem perceber que outro caminho haveria a seguir e decidir em conformidade. Assim, fica a ideia que o bota abaixo terá mais a ver com questões pessoais do que com a defesa do bem comum, neste caso, o nosso Rio Ave F.C.
Em termos desportivos esta tem sido uma época ao nível das anteriores, com elogios generalizados da imprensa à qualidade do nosso futebol. Miguel Cardoso incutiu na equipa um estilo de jogo em que queremos ser nós a dominar a posse de bola e a controlar o ritmo da partida, independentemente do adversário que temos pela frente. Temos por isso conseguido fazer grandes exibições frente aos colossos do futebol nacional, com mais posse de bola e a disputar o jogo taco a taco e por vezes com grande superioridade nas estatísticas, como se verificou no recente Rio Ave – Sporting onde a derrota surgiu num dos poucos remates do Sporting à nossa baliza, enquanto o Rio Ave desperdiçou inúmeras oportunidades de golo tendo Rui Patrício sido o melhor homem em campo. Inverteram-se neste jogo os papéis do “grande” e do “pequeno”. Esses jogos com equipas mais abertas são os que mais talhados para o nosso estilo de jogo e como são os que mais visibilidade têm, os comentadores desportivos não poupam elogios à nossa equipa. Nem tudo são rosas no entanto. Contra equipas mais fechadas, mesmo com ainda mais posse de bola as ocasiões de golo não abundam. Temos dificuldade em fazer a bola chegar em condições ao ponta de lança em zona de finalização e é por vezes desesperante ter tanta bola e não se conseguir criar perigo. É no entanto um descanso para os adeptos do Rio Ave saber que vamos a qualquer estádio disputar os 3 pontos, quando há muitos anos atrás qualquer ponto fora era precioso e nos estádios dos 3 “grandes” era para segurar o 0-0 ou perder por poucos. Se o destino final será um apuramento para as competições europeias, só mais para a frente saberemos, mas pelo menos o caminho tem sido agradável de traçar. O destino pode ser alcançado por dois caminhos diferentes: se no campeonato as coisas estão a correr mais ou menos bem, na Taça de Portugal já estamos nos 1/8 de final depois de ultrapassar um sempre complicado Sp. Braga e apanhando agora o Benfica em Vila do Conde, com quem já disputámos um jogo este ano e não perdemos. No final serão sempre os resultados a ditar o sucesso ou não da época desportiva, mas o que já foi feito até aqui permitiu não só valorizar o Clube, mas também alguns jogadores e sobretudo o treinador que era um desconhecido para a maioria dos adeptos, sendo hoje reconhecido como um dos que terá mais potencial para chegar bem longe.

Renato Sousa