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“A Floresta das Almas Perdidas” tem algumas passagens do filme em Vila do Conde

8 Novembro 2017
“A Floresta das Almas Perdidas” tem algumas passagens do filme em Vila do Conde
Cultura
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A Floresta das Almas Perdidas é uma zona florestal na fronteira entre Portugal e Espanha, cujo isolamento e beleza natural fizeram com que se tornasse num destino assombrado pela prática do suicídio.
A Floresta das Almas Perdidas é um lugar ficcional que, nesta história, se localiza numa zona fronteiriça entre Portugal e Espanha. O seu nome deve-se ao facto de ter sido o local escolhido por muitos para terminar a sua vida. Neste lugar sombrio, os destinos de Ricardo e Carolina cruzam-se. Ele é um homem destroçado que tenta encontrar o sítio exacto onde a filha se suicidou e ela é uma rapariga fascinada pelos mistérios da morte. Ao dissertarem sobre a dor e o valor da existência, estes dois estranhos acabam por criar uma intimidade inesperada.
A Floresta das Almas Perdidas é um conto de terror dentro de um drama sobre a chegada à idade adulta, uma reflexão sobre a vida e a felicidade envolta num filme de suspense inspirado pelo cinema dos anos 70.
Com Daniela Love, Jorge Mota e Mafalda Banquart como protagonistas, é um filme de terror que marca a estreia na realização de longa-metragem de José Pedro Lopes.
Após estar bem lançado a nível internacional, seja na imprensa, na distribuição ou no circuito de festivais, o filme de terror lusitano estreou em Portugal em outubro passado.
A Floresta das Almas Perdidas tem cenas filmadas em Vila do Conde, nomeadamente na Praia da Azurara, no Festival Azurara Beach Party e na Reserva Ornitológica de Mindelo.
Aproveitamos a oportunidade para falar com José Pedro Lopes, realizador do filme A Floresta das Almas Perdidas.

Em que consiste o filme A Floresta das Almas perdidas?

“A Floresta das Almas Perdidas” é um conto de terror dentro de um drama familiar, e é um filme existencial sobre a chegada à idade adulta de alguém que é absolutamente maldoso.
Ao abrir o filme vemos o suicídio de Irene, uma jovem instável, que se envenena e deixa afogar num gigantesco lago glaciar, no meio de uma floresta densa e remota. Depois conhecemos o pai dela, que um ano mais tarde, procura encontrar o mesmo lago. No percurso ele encontrou, e faz amizade, com Carolina, uma jovem excêntrica e bastante inquisitiva. Entre a redenção e a negação, ele vai tentar salvar a vida da jovem.

Como se lembrou de colocar em longa-metragem a ideia da procura das pessoas do local onde pessoas queridas puseram termo à vida?

Existe no Japão, no sopé do monte Fuji, uma floresta chamada Aokigahara que é conhecida pela prática do suicídio. Pessoas de todo o Japão, e até de outros países, viajam até lá para se perderem na floresta densa e nunca mais de lá voltarem. A ideia de um sítio assim fascinante não só pelo lado contemplativo de quem lá vai, mas pela hipótese de alguém ir lá para tirar vantagem de tanta tristeza. “A Floresta” é um filme sobre a falta de limites do mal humano.

Há algumas passagens do filme em Vila do Conde, nomeadamente em Azurara. Como está esta localidade inserida na sua longa-metragem?

A “floresta” do filme não existe e isso permitiu-nos filmar uma parte no Caramulo e outro no Parque Natural de Sanabria, em Espanha, que ficam longe um do outro. Fizemos algumas imagens floresta na Reserva Ornitológica de Mindelo e a linha de metro junto à Reserva serviu de linha de comboio meio abandonada.
A parte final do filme é passada num festival de verão e foi toda filmada na Azurara, no Azurara Beach Party, que se revelou um parceiro inesperado do filme e de mente muito aberta. Das partes mais apreciadas do filme foram filmadas lá, como uma imagem geral do palco desmontado na manhã seguinte ao festival, com as gaivotas a passear na praia.

Ver chegar um filme de terror feito em Portugal, em português, ao circuito comercial do cinema é satisfatório?

O cinema independente português raramente consegue chegar aos cinemas, e então de terror é um feito quase inédito. Por tal, o facto de estrear cá foi por si uma grande alegria para nós. Mas o verdadeiro palco de “A Floresta das Almas Perdidas” foi internacional, onde conseguiu assumir um espaço no imaginário de 2017 do cinema fantástico, que ecoa pelo mundo fora.

Praticamente não se fazem filmes de terror em Portugal. Em menor número ainda são os que chegam ao circuito comercial. No caso em questão, trata-se de uma longa aventura: com pouquíssimos recursos, o realizador do Porto José Pedro Lopes logrou concretizar um projeto e, mais que isso, iniciar um impressionante périplo mundial, mas não se esperem banhos de sangue no filme A floresta das Almas Perdidas, até porque a fotografia é a preto e branco, a cargo de Francisco Lobo, com música de Emanuel Grácio.