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Elvis Presley

16 Novembro 2017
Elvis Presley
Opinião
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Há 40 anos Elvis Presley foi encontrado morto na sua casa de Memphis. Deste artista, que o mundo não esquece e, como diz uma das suas fãs, mais que lembrar o acontecimento da morte, é o legado que devemos celebrar. Mas, a homenagem a esta vedeta torna-se difícil no curto espaço desta crónica, tal é a sua influência no contexto e estilo da música nascida de padrões harmónicos do Jazz e do Rock.
É profunda a rebelião musical nos sistemas da polirritmia do século XIX: o espírito independentista dos negros que sobem o Mississippi e chegam a Nova Iorque para se oferecerem à Europa da Revolução Industrial com a nova linguagem do Swing e Blues; as harmonias convencionais obrigadas à convivência imposta pelas inversões musicais do início do século XX que “sabem falar todas as línguas, rezar todas as preces e melhor comunicar gratuitamente com todos”; a rebeldia, sem humilhação, duma época que sabe misturar-se sem se comprometer; enfim, uma juventude endinheirada, mas de comportamentos mecanizados.
A herança musical deste imortal cantor satisfaz, hoje ainda, o vazio dum mundo que teima ser profano, isto é, sem valores. Elvis Presley (1935-1975) alimentou-se do sobrenatural que a família e a igreja protestante lhe transmitiram, cantando e dançando os salmos ao ritmo do Twist. Nesta homenagem à vedeta Presley, junto mais dois eminentes profetas que propuseram padrões rítmicos e animada improvisação à música ligeira. Louis Armstrong (1901-1971) foi trompetista e negro. O Jazz é o idioma musical que Armstrong exporta como ícone cultural, portador de sementes de grandes mudanças. É a alma duma classe escravizada que se torna um poder alforriado da era capitalista. David Bowie (1947-2016) não se interessa por sucessos comerciais. Universal e gratuito no viver, na doação da sua vida, quebrou tabus, desfez ideologias, abraçou ambiguidades, mas também convicções vigorosas. Três profetas, sublinho, do Jazz, do Rock e do Pop que ensinaram o novo mundo a dançar o Blues, canção-fado de lamento, símbolo da tradição negra Norte Americana. E a dançar o Twist, caracterizado por um ritmo rápido de movimentos ágeis de pernas, braços e quadris.

Pe. Bártolo Pereira