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Vê o Mundo com outros olhos – Curtas, Vila do Conde

21 Julho 2017
Vê o Mundo com outros olhos – Curtas, Vila do Conde
Opinião
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Uma proposta fabulosa apresentada em Vila do Conde para celebrar o 25.º aniversário do Festival Internacional de cinema – Curtas, em Vila do Conde. Um manifesto de cultura que o tempo presente precisa como o pão para a boca. “Se queres tornar o mundo um lugar melhor, começa a vê-lo com outros olhos”. O mundo aprende mal as lições da história. Não vê, nem lê a “tolerância” porque os muros levantados, são imensos; incapaz de “abrir um livro”, porque todas as fronteiras estão fechadas; “ver um filme”, nem pensar, porque a verdade, num filme, mora sempre escondida. E por aí fora!
É riquíssimo o percurso do cinema. O filme social é um cinema de crítica. Três potencias encabeçam esse género e cada uma na óptica duma análise subjectiva. A União Soviética, na sua fase gloriosa, coloca o cinema ao serviço do homem concreto, apresentado como um ser colectivo. O homem exemplar que usa a sociedade em seu proveito. Mas, na fase decadente, depois de 1950, renasce o “homem-herói”, despersonalizado e burocrata. Nesta fase, a liberdade da pessoa dá lugar à obediência cega dos mecanismos do Estado. Nos Estados Unidos, a estrutura do cinema social é a mesmo dos filmes de Oeste. O Cowboy resolve e tonifica a sociedade onde vive, sempre apostado na virtualidade pessoal. A Europa, desfeita por uma guerra mundial, acorda para o cinema social com a preocupação de encontrar as soluções que os outros dois continentes não conseguiram. No empenho europeu, nasce uma corrente de pensamento, o Neo-Realismo. Tenta organizar o homem e a sociedade com “o amor”. Neste género de cinema não há uma sociedade a modificar, recorrendo a heróis fantásticos, empenhados na solução dos problemas humanos. Nasce, isso sim, uma consciência colectiva, responsável por uma história mais solidária e fraterna. Deste modo, a Europa impôs ao mundo um cinema cheio de ternura, fazendo passar uma luz de esperança, num tempo estúpido e vazio.
Entretanto, o cinema evoluiu e outras frentes se desenvolveram. Aí estão as Curtas metragens empenhadas nessa mensagem civilizacional. Parabéns a Vila do Conde.

Pe. Bártolo Pereira