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Comum versus Normal

17 Maio 2017
Comum versus Normal
Opinião
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Hoje vou-me debruçar sobre uma problemática bastante comum à maioria dos pais quando se deparam com o nascimento de um filho. Trata-se de distinguir o que é comum do que é normal.
O que acontece, grande parte das vezes, é a desvalorização dos sintomas por parte dos médicos assistentes, que por serem comuns, não significa que sejam normais e que não vão ter consequências num futuro próximo.
O parto é, por si só, um processo traumático, quer se trate de um parto normal, pela força exercida pelo útero para expulsar o feto e/ou pela tiragem do médico; quer se trate de um parto com recurso ao uso de ventosas ou forceps; quer ainda nos casos de parto por cesariana, pela passagem abrupta do meio intra-uterino para o exterior.
É comum verificar a existência de plagiocefalias, mas não é normal pensar-se que se irão corrigir com o tempo. As alterações estéticas irão ser disfarçadas pelo crescimento da criança, mas as suas consequências irão manter-se no tempo.
É comum o bebé bolsar um pouco, pela imaturidade do tubo digestivo, mas não é normal bolsar em jacto a cada refeição.
É comum o bebé ter cólicas em algum período do dia nos primeiros 3 meses de vida, não é normal passar 3 horas seguidas a chorar.
É comum o bebé ter refluxo por uma alteração da posição do estômago provocada normalmente pela tiragem do médico, não é normal achar que isso irá resolver-se por si só.
É comum a obstipação nos recém-nascidos, por comprometimento do nervo responsável pelo funcionamento do intestino, não é normal o bebé não evacuar pelo menos uma vez por dia, porque, afinal, o que é suposto fazer um bebé? Comer, dormir e fazer cocó!
É comum crianças com 2 ou 3 anos não terem um sono de qualidade, não é normal achar que isso irá passar com o tempo! Mas quanto tempo será preciso? E que consequências isso terá no desenvolvimento físico e cognitivo da criança? Mais ainda, que consequência terá no dia-a-dia daquela família?
Lido diariamente com pais preocupados e cheios de dúvidas, porque muitas vezes não obtêm respostas de quem os acompanha, ou estas não são suficientemente esclarecedoras ou satisfatórias.
É essencial questionarmo-nos sobre estas situações, pois a nossa história começa in utero, e escreve-se ao longo do tempo com as linhas que estão disponíveis, sejam elas direitas ou tortas.

Cláudia Costa