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Que Futebol queremos?

26 Abril 2017
Que Futebol queremos?
Opinião
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Esta semana assistiu-se a mais uma morte associada às rivalidades futebolísticas. As rivalidades no futebol sempre existiram e continuarão a existir, umas originadas pela proximidade geográfica dos clubes, outras pelas lutas por objectivos desportivos comuns e fazem parte do sal do futebol. O problema é quando se passa de uma rivalidade saudável, com piadas ao adversário que têm normalmente resposta na semana seguinte, e se passa a um clima de ódio, de intolerância e posterior violência, verbal e física, sobre pessoas que nem se conhece, simplesmente pelo facto de gostarem de um clube diferente. Este ódio e intolerância, não é muito diferente do que acontece em termos religiosos, mas as mesmas pessoas que prontamente condenam um, praticam o outro. Isto acontece desde há muito, mas esteve durante anos restrito a alguns nichos das claques dos maiores clubes. Parece-me no entanto que o problema se está a generalizar. Os dirigentes continuam a dar um péssimo exemplo, multiplicam-se os programas desportivos com insultos e insinuações entre comentadores com cor clubista e nas redes sociais então é ver o ódio a ser destilado em cada comentário quando o tema é futebol. Como consequência (ou, na minha opinião, para ajudar à festa), tomam-se decisões que vão no sentido de prevenir eventuais problemas, mas que quanto a mim estão é a certificar o ódio e a intolerância, como são as caixas de segurança que hoje se vê nos maiores estádios ou a proibição de utilizar adereços do clube adversário em determinadas zonas do estádio. As caixas de segurança, para além de retirarem visibilidade, dão ainda mais azo a insultos entre adeptos que se sentem seguros pela rede que os separa. A questão dos adereços é o comprovar que a intolerância é generalizada e já não se limita aos clubes rivais. Hoje em dia, mesmo no nosso estádio, a generalidade dos adeptos não vê com bons olhos a presença de cachecóis adversários na bancada coberta. Eu próprio senti essa intolerância no último jogo a que assisti no Dragão, onde fui importunado por ter celebrado um golo do Rio Ave sem provocar ninguém, para estupefacção de um colega finlandês que levei ao futebol, supostamente para vermos um espectáculo desportivo tranquilos.
Não é este o futebol que eu quero, nem é para este futebol que vou tentar convencer as minhas filhas a ir aos jogos. Acho que em vez de se tomarem medidas preventivas, se devia combater o problema na sua raiz, a intolerância. Eu queria voltar a assistir aos jogos sem ter uma rede à frente, queria voltar a assistir aos jogos no local para o qual compro bilhete sem ser importunado, queria voltar a assistir aos jogos com a possibilidade de celebrar os golos da minha equipa, mesmo que rodeado de adversários e deixar do mesmo modo o adversário celebrar os seus. Este devia ser na minha opinião o caminho a seguir e deviam usar-se as câmaras de vigilância para impedir os prevaricadores de voltarem a entrar num estádio de futebol. Infelizmente parece-me que estamos a ir no caminho contrário: ficam os prevaricadores no estádio e quem não se sentir bem, como eu, deixará de lá ir.
No Rio Ave seremos também este ano chamados a votar no futebol que queremos. Teremos somente as habituais eleições para os órgãos sociais ou será desta que a questão da SAD será também colocada, depois de já ter havido abordagens oficiais nesse sentido?
Entretanto aproxima-se do fim a presente época e o Rio Ave continua na luta por um apuramento para as competições europeias. Já desperdiçou muitos pontos por culpa própria mas será que vamos ainda a tempo de ser felizes como na época passada e conseguir o apuramento somente na última jornada? O balanço da época far-se-á no final, mas é altura de começar a preparar a próxima. Iremos renovar com Luís Castro? A questão dos lugares anuais, que estão a cerca de 2 meses de entrar em vigor, será tratada atempadamente? Aproxima-se também a celebração de mais um aniversário do Clube, onde a participação de todos será importante para o dinamizar das diversas actividades que são habitualmente organizadas. Felizmente, nos últimos anos temos celebrado sempre em ambiente de festa com boas prestações a nível desportivo e com o futebol sénior a bater record de permanência na primeira divisão. Está já garantida mais uma presença, a próxima época será a 10.ª consecutiva no escalão maior do nosso futebol e espero que continuemos a expandir este record durante muitos mais anos.

Renato Sousa