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Fábio Coentrão admite que pagou 4.000 euros por carta de condução

18 Março 2017
Fábio Coentrão admite que pagou 4.000 euros por carta de condução
Economia
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O futebolista vilacondense Fábio Coentrão confessou esta sexta feira ao tribunal de Braga que pagou 4.000 euros para conseguir “facilidades” no exame de código, feito no Centro de Exames de Vila Verde, no ano de 2012.
Ouvido por videoconferência, na qualidade de testemunha, Fábio Coentrão admitiu que, sem ajudas, “não tinha passado” no exame, já que só saberia responder a metade das perguntas. O vilacondense explicou que “tinha ficado sem carta” e que “na altura estava a iniciar a sua carreira no Real Madrid”, pelo que seria muito difícil obter nova carta, tanto em Espanha, pelas dificuldades de língua, como em Portugal, por impossibilidade de deslocação devido aos treinos diários.
Fábio Coentrão disse que “muita gente falava” que uma escola em Prado, Vila Verde, “facilitava a vida aos alunos a troco de contrapartidas financeiras”, e que recorreu a ela, explicando que um dos examinadores lhe dava as respostas do exame teórico através de gestos com os dedos.
As declarações do futebolista de Vila do Conde foram feitas durante o julgamento de um megaprocesso de corrupção com cartas de condução, referente a exames feitos no Centro de Vila Verde da Associação Nacional dos Industriais de Ensino de Condução Automóvel (ANIECA).
O processo conta com 47 arguidos, entre os quais examinadores, industriais de condução, instrutores e um agente da Guarda Nacional Republicana.
O principal arguido é um examinador do Centro de Exames de Vila Verde da Associação Nacional dos Industriais de Ensino de Condução Automóvel, classificado pelo Ministério Público como o “interlocutor privilegiado” nos episódios de corrupção, “por ser o mais velho” e o que ali exercia funções há mais tempo. Este arguido é acusado de 35 crimes de corrupção passiva para ato ilícito. O objetivo era que os alunos fossem auxiliados pelos examinadores, a troco de quantias monetárias que, em média, variavam de 1.000 a 1.500 euros, no caso dos exames teóricos, e de 100 a 150 euros nos práticos.
A acusação diz que, com este esquema, cinco examinadores conseguiram arrecadar cerca de 1 milhão de euros, dinheiro que o Ministério Público quer que seja declarado perdido a favor do Estado.
Este megaprocesso envolve escolas de Vila Verde, Barcelos, Ponte de Lima, Vizela e Guimarães, entre os anos de 2008 e 2013.
Na investigação, desenvolvida durante anos pela Polícia Judiciária, foram, ainda, “apanhados” vários alunos, mas, em relação a estes, o Ministério Público optou pela suspensão provisória do processo. Fábio Coentrão também chegou a ser arguido, mas o Ministério Público optou pela suspensão provisória do processo, a troco do pagamento de 3.000 euros ao Banco Alimentar Contra a Fome de Braga.