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15 Fevereiro 2017
Apostas
Opinião
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Terminou em Janeiro a abertura do mercado de transferências que permite aos clubes fazerem ajustes no seu plantel. No início da época as direções dos clubes apostam numa equipa técnica e com ela apostam em determinados jogadores para a constituição do plantel, supostamente para toda a época desportiva. Como o futebol não é uma ciência exacta, há muitas coisas que podem não correr de acordo com o planeado, pelo que este período permite aos clubes corrigir o caminho traçado inicialmente. No nosso caso, desde logo a equipa técnica que chega a esta altura não é a mesma que iniciou o campeonato, pelo que as escolhas iniciais do plantel podem não ser do agrado ou não se ajustarem às opções tácticas do novo treinador. Há depois jogadores contratados que podem não render o esperado, seja por inadaptação ou por má avaliação, há lesões, há jogadores que saem nesta altura para outros clubes. Isto resulta normalmente na necessidade de o clube também contratar alguém, ou usufruir de um empréstimo, para colmatar saídas ou ajustar o plantel às opções tácticas do novo treinador. No caso do Rio Ave, esta abertura do mercado saldou-se pela saída de 3 jogadores e pela entrada de 4. Saiu primeiro Chérif, uma aposta pessoal de Capucho que o tinha treinado no Varzim. Jogador rápido com alguma técnica, mas que nem sempre foi aposta do próprio Capucho. Depois sairam dois jogadores que já tinham alguma ligação ao Rio Ave, mas que estavam ambos em fim de contrato pelo que era a última oportunidade de o Rio Ave fazer alguma mais-valia com eles: Wakaso que era desde há 2 ou 3 épocas o titular indiscutível na zona mais recuada do meio campo, saiu para o F.C. Lorient. Filipe Augusto, um médio com qualidade técnica acima da média que chegou a estar emprestado ao Valência e ao Sp. Braga sem se conseguir impor, regressou ao Rio Ave e esta época, após regresso de lesão prolongada, voltou a mostrar toda a sua qualidade. Foi rapidamente alvo da cobiça de outros clubes e neste caso foi mesmo parar ao Benfica, atual campeão nacional. Relativamente a entradas, chegou um lateral esquerdo experiente, Bruno Teles, para equilibrar essa posição onde Rafa Soares tem sido titular e onde Tiago André ainda não mereceu a confiança de Capucho primeiro e Luís Castro depois. Na frente, onde nenhum dos pontas de lança se tem destacado na marcação de golos, chega Gonçalo Paciência, filho do goleador Domingos Paciência, e que apesar de ter marcado vários nas camadas jovens e equipa B do F.C. Porto, ainda não se conseguiu afirmar numa equipa sénior, tendo agora uma boa oportunidade de confirmar as expetativas que nele se depositam. Para já, um golo no primeiro jogo a titular pode ser um bom tónico. No meio campo, onde tivemos duas saídas, houve também duas entradas: Petrovic vem do Sporting para o lugar de Wakaso e Adama Traoré, melhor jogador do campeonato do mundo de sub-20 em 2015, chega por empréstimo do Mónaco. No final veremos se são apostas ganhas e se estas mudanças se traduzem num saldo positivo de qualidade no nosso plantel. O que continua a falhar é o esclarecimento destes negócios, principalmente no que diz respeito a valores pela saida de jogadores. Sei que não é obrigatório a sua divulgação e mesmo no caso de Filipe Augusto, o Benfica como SAD só tem que divulgar acima de determinado valor, mas os adeptos têm o direito de ser informados sobre os negócios. Sabemos que no final do ano as contas têm estado positivas e que as boas relações com Jorge Mendes nos permitem ter cá jogadores de qualidade acima da média como será o caso de Traoré, e noutros casos não temos a totalidade dos passes impedindo grandes mais-valias futuras, mas seria tudo muito mais claro se houvesse informação sobre estes negócios, evitando-se bocas ou suspeições de quem está de fora.
E por falar em suspeições, a comunicação social e as redes sociais foram céleres em levantar suspeitas sobre viciamento do resultado do último Feirense-Rio Ave depois da Santa Casa ter suspendido as apostas neste jogo a poucas horas do mesmo se realizar. A justificação chegou tarde e estava prevista no regulamento do jogo Placard, quando as apostas apresentam elevado risco financeiro, ou seja, quando em face das apostas realizadas a receita da Santa Casa possa não ser suficiente para cobrir os valores dos prémios. Tudo isto porque ao que tudo indica a Santa Casa colocou apostas mais favoráveis na vitória do Feirense do que a generalidade das casas de apostas online, fazendo com que houvesse um afluxo fora do normal para essa aposta. Com isto, colocou-se em causa a honorabilidade de jogadores e equipa de arbitragem mas, no fim das contas, o pior foi que o Rio Ave acabou mesmo por perder, mas simplesmente porque o Feirense lutou mais e foi mais eficaz.
Estamos prestes a entrar no último terço do campeonato e à data a que escrevo o Rio Ave encontra-se na 9.ª posição. Ainda assim, acho que o Rio Ave se vai voltar a qualificar para as competições europeias. Vale uma aposta?

Renato Sousa