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Questões à volta das chupetas!

25 Janeiro 2017
Questões à volta das chupetas!
Opinião
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O uso de chupeta por parte das crianças é um tema controverso, acerca do qual os pais são muitas vezes confrontados com opiniões distintas e até opostas. É importante que os pais conheçam os benefícios e os riscos do uso de chupeta de forma a tomarem uma decisão informada e esclarecida.
A utilização de chupeta é benéfica para a prevenção da síndrome da morte súbita do lactente, que ocorre essencialmente no primeiro ano de vida, é um meio de promover o desenvolvimento oromotor de bebés prematuros, podendo ser oferecida aos prematuros logo após o nascimento. A sucção acalma o bebé, sendo uma excelente medida de controlo de dor, não sendo para isso necessária a adição de açúcar ou formulas açucaradas, frequentemente usados pelos pais. Funciona como “objeto de transição” a ser usado em caso de ansiedade por separação parental e previne o recurso ao polegar (ou outro dedo), hábito que pela sua total disponibilidade é mais difícil de retirar.
A relação entre chupeta e amamentação ainda não é clara. Há autores que sugerem que o uso de chupeta pode conduzir a menor duração da amamentação, principalmente se usada nas primeiras semanas de vida, já que pode conduzir a mamadas menos frequentes e assim menor estimulo com consequente menor produção de leite. Pode ainda causar confusão de “bicos” ou promover técnicas de sucção inadequadas. A chupeta pode funcionar como marcador de problemas na amamentação, já que quando esta é difícil há mais recurso à chupeta. Assim, a chupeta deve ser introduzida apenas depois de se estabelecerem hábitos de amamentação eficazes, normalmente depois das quatro semanas, e não deve ser usada para protelar a hora da amamentação.
Os riscos associados ao uso de chupeta são essencialmente ortodônticos, como a má oclusão, a retração gengival e as cáries, pelo que é fortemente desaconselhada a partir dos quatro anos. Quanto às cáries, previnem-se com cuidados de higiene adequados e devem ser evitados hábitos que causem troca de saliva, como troca de chupetas entre crianças ou o uso da saliva dos pais para “limpar” uma chupeta que caiu, já que a boca dos adultos e crianças mais velhas está colonizada de microrganismos causadores de carie que passarão desta forma para a criança. A chupeta pode também ter efeito negativo no desenvolvimento da fala pois limita o palrar e a verbalização, pelo que deve ser usada preferencialmente durante o sono noturno e sestas. Parece ter também um papel na fisiopatologia da otite média recorrente, sendo que no caso destas crianças a chupeta deve ser evitada após os seis meses.
Quando se compra uma chupeta deve ter-se atenção que esta tenha forma e tamanho compatíveis com a boca da criança, devendo ser uma peça única e sem produtos tóxicos. A tetina poderá ser de silicone ou borracha. A tetina de silicone tem a vantagem de ser mais lisa, o que leva a uma menor aderência de agentes infeciosos. Por outro lado, tem a desvantagem de ser mais rígida, podendo causar maior deformação do palato, menor adesão dos prematuros e ser menos resistente à mordedura apesar de mais resistente à esterilização.
O disco deve ser ligeiramente côncavo e com furos laterais para permitir a ventilação e deve medir mais que 43 mm de diâmetro. A presença de argola não é consensual: pode ser útil em caso de asfixia mas pode constituir um convite à colocação de cordões que são totalmente proibidos pelo risco de estrangulamento.
Em termos cronológicos a chupeta pode ser introduzida apenas após as quatro semanas, para não prejudicar a aquisição de hábitos de amamentação eficazes, deve ser evitada a partir dos seis meses em crianças com historia de otite e a sua suspensão deve ser aos doze meses. Quando usada após os três anos está associada a má oclusão, sendo fortemente desaconselhada a partir dos quatro anos.
Se a criança recusar o uso de chupeta, não deve ser forçada. Se pelo contrario a criança quiser chupeta esta deve ser disponibilizada apenas antes de dormir e não deve ser re-introduzida após a criança ter adormecido. A chupeta deve ser substituída sempre que necessário pois o uso indevido pode levar a asfixia, estrangulamento ou laceração das mucosas oral ou nasal.
Assim por tudo o apresentado a chupeta é um acessório presente em casa das famílias com crianças e será provavelmente o primeira objecto em que qualquer pai pensa quando o filho chora ou tem dificuldade em adormecer. Certamente algumas crianças farão mais uso da sua chupeta/as que outras. Quando usada adequadamente e atá à idade aconselhada tem alguns benefícios com poucos riscos associados pelo que poderá ser oferecida à criança. Em caso de dúvidas acerca do uso de chupeta poderá sempre recorrer aos conselhos do seu médico poderá aconselhá-lo e ajudá-lo a decidir o que é melhor para a sua criança.

Cristina Carvalho