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Feliz Navidad

16 Dezembro 2016
Feliz Navidad
Opinião
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Chegamos a mais um final do ano. E com ele chega o Natal onde encaixamos o 13.º salário no orçamento para mais uma prendinha no sapatinho. O esforço publicitário típico desta época que nos alimenta as opções de compra confunde-se com as rabanadas e aletria que nos saliva pela ceia do dia 24.
Se durante o ano nos sentimos bombardeados por estímulos para consumirmos, nesta época estes estímulos são ainda mais fortes. A festa de família ou amigos, o amigo secreto na empresa ou a oportunidade (ou desculpa) para presentear alguém especial são motivos para pensarmos mais intensamente no consumo, não só para os outros mas também por auto expressão.
É um mito urbano dizer que foi a Coca-Cola que criou o Pai Natal, pois a primeira referência ao simpático barbudo data do século IV, que para além de um vasto rol de milagres oferecia anonimamente presentes aos mais necessitados, mas a figura icónica, alegre, gordo e simpático como conhecemos agora, é fruto de uma campanha de marketing iniciada pela Coca-Cola em 1931.
E isto é o poder que as marcas têm na nossa rotina. A presença cada vez mais assídua em campanhas de marketing 360º, com publicidade impressa, televisão e redes sociais criam maiores audiências, mais partilha, mais impulsos.
Já o disse anteriormente e volto a referir, nesta atual sociedade de consumo, nós somos o que consumimos. Mesmo o não consumir determinado produto em detrimento de outro, estamos a projectar uma auto imagem, então aos olhos do consumo, não consumir cria uma simbologia tão forte como o próprio consumo.
Pegando no exemplo da Coca-Cola, ao longo do ano e na intimidade do lar, as famílias definem adequado consumir refrigerantes de marcas “genéricas”, mas nesta época isso pode mudar, já que são muitas as visitas que recebemos em casa. Não oferecemos bebidas genéricas para os amigos ou vizinhos, o cunhado ou a sogra, por muito nesta última, que a vontade seja essa. Oferecer esses produtos pode parecer insucesso, falta de recurso e em alguns casos, falta de consideração.
O exemplo da Coca-Cola pode ser extrapolado para outro qualquer produto, da roupa que se usa para um encontro, os lugares onde são marcados os jantares de empresa ou o cardápio da ceia. Tudo carrega uma simbologia, e de maneira consciente ou não, fazemos escolhas bastante ponderadas para passarmos a mais adequada expressão da nossa personalidade.
O meu papel neste pequeno espaço de discussão é informar e dar a minha opinião sobre um tema que me cativa. As marcas têm um papel da maior importância nas nossas vidas e mesmo na nossa personalidade. Se conseguirmos perceber essa importância, poderemos mudar a nossa perspectiva de que localmente não poderemos ter um impacto maior sobre o nosso público alvo. Não podemos mudar o meio que estamos inseridos, mas podemos sem dúvida contar uma história bastante diferente. Afinal as marcas já não são aquilo que vendem mas antes aquilo pelo que são percebidas, a sua história, a sua essência.
E, nesse sentido, o Natal é uma marca que todos temos o dever de usufruir.
E eu desejo que o vosso, caros leitores, seja a mais bela história, a vossa melhor versão.

João Trigo