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Anti-inflamatórios não esteróides – Fármacos não inócuos para a sua saúde

7 Outubro 2016
Anti-inflamatórios não esteróides – Fármacos não inócuos para a sua saúde
Opinião
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Os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) encontram-se entre os medicamentos mais prescritos em todo o mundo. Esta classe heterogénea de fármacos inclui o ácido acetilsalicílico (mais conhecido por Aspirina®) e vários outros agentes, como por exemplo, o Ibuprofeno (Brufen®), Diclofenac (Voltaren®), Naproxeno (Naprosyn®), Nimesulida (Nimed®), entre muitos outros.
O uso em grande escala destes fármacos deve-se essencialmente à sua ampla gama de ações. Os AINEs exercem ação antipirética, analgésica e também anti-inflamatória daí serem usados comumente para o tratamento da dor assim como para o tratamento de inúmeras patologias inflamatórias como as doenças articulares inflamatórias, entre outras.
O mecanismo de ação destes fármacos está relacionado essencialmente com alterações no metabolismo de partículas químicas designadas por prostaglandinas que contribui para o efeito antipirético, analgésico e anti-inflamatório desejável com o seu uso. No entanto a alteração no metabolismo destas partículas é também responsável pelos efeitos indesejáveis decorrentes do consumo destas substâncias.
O uso indevido e prolongado dos AINEs pode provocar complicações gastrointestinais, como por exemplo, sintomas de náuseas e azia sendo que estes fármacos estão contra indicados em pessoas com úlceras gástricas. O consumo de AINEs também influencia o metabolismo do rim sendo que o uso prolongado destas substâncias está associado ao desenvolvimento de desequilíbrios eletrolíticos e deterioração da função renal. Nos últimos anos têm sido desenvolvidos vários ensaios clínicos no sentido de avaliar o risco cardíaco associado ao uso indevido dos AINEs. O último estudo realizado sobre esta temática, publicado no mês de setembro do presente ano na revista científica British Medical Journal, alerta para o facto de que as pessoas que consomem AINEs têm uma probabilidade 19% superior de ter uma falha cardíaca nos 14 dias seguintes à toma destes medicamentos, o que confirma as conclusões de estudos realizados anteriormente que alertam para o risco cardíaco aumentado do uso destes fármacos.
É importante a população estar alerta para os efeitos indesejáveis destes fármacos e conhecer os riscos para a saúde associados ao seu consumo indevido. Deve-se recorrer ao uso dos AINEs apenas quando existem indicações clínicas específicas e sempre que o objetivo terapêutico seja apenas antipirético e/ou analgésico devem procurar-se alternativas mais seguras, como por exemplo, o paracetamol (Ben-U-Ron®)
Caso tenha dúvidas ou pretenda informação adicional relativamente ao uso dos AINEs, não hesite em contactar o seu médico de família.
Cuide da sua saúde!

Manuel Lages Pinto