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O Terceiro Poder

9 Setembro 2016
O Terceiro Poder
Opinião
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Análises sociológicas classificam as modernas receitas numa categoria de forças lucrativas, com peso real na economia de certos estados do planeta. Primeiro e com historial antigo, a prostituição. Sempre presente ao longo da marcha duma humanidade constituída por homens e mulheres, crianças e adultos, ricos e pobres. Modernamente a prostituição adquiriu estatuto de malvadez com o tráfego de crianças, tornando-se um hipermercado para abastecer a indústria do sexo.
O segundo poder lucrativo da era moderna é a droga. Hoje o comércio da droga e a procissão dos drogados enchem de gemidos toda a humanidade. Nas bancas das livrarias saiu um livro curioso chamado o “livro do homem”. Contém 32 capítulos e cada um encabeçado por um título: a vítima, o escravo, o monge, o homossexual, o político, o padre, o jogador, o animal, o robot, o pedinte. Falta-lhe acrescentar o drogado. O livro é moderno e o seu autor é um catedrático de Filosofia. Por pudor, talvez, escondeu a droga, como na época Vitoriana escondiam as pernas das cadeiras, tapadas por serem pernas.
O terceiro poder é o tráfego de emigrantes. Emigrar é investir ou fugir? Não vamos perguntar aos políticos que, em épocas de eleições, dizem o que lhes convém. Há quem se interrogue se o mundo terá futuro sem emigrantes. Claro que não, já que emigrar é a condição humana. A verdade vem-nos na Bíblia. Situado numa terra, o homem move-se para além dessa terra porque ela não lhe pertence (Dr. João Alberto Correia).
A emigração é um fenómeno complexo, doloroso, lucrativo, apaixonante e muito explorado. Vivi trinta anos na emigração e descobri pessoalmente essas “valências”. Conheci a história de um santo que ousou dizer aos seus conterrâneos helvéticos: “não alargueis a fronteira, mas não hesiteis em olhar para além dela” (Nicolau de Flue). Pensamento que pode cheirar a chauvinismo, mas ajuda-nos a situar a complexidade do fenómeno que o Pe. António Vieira, que nunca se alugou a ideologias e definiu como “obrigações da Pátria”. O tráfego de emigrantes ou, pior ainda, os refugiados são a prova que o mundo não se faz de harmonias, mas é uma marcha de marcantes desequilíbrios.

Pe. Bártolo Pereira