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O ditador global

26 Agosto 2016
O ditador global
Opinião
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Em “Ano de Misericórdia”, logo me pus a pensar se o Papa Francisco não cairá na ratoeira do Bloco de Esquerda ao deixar-se programar pela demagógica de “dar tudo aos pobrezinhos”. “O ditador global” está presente em tudo e o Santo Padre que o cuide com vénia. Fazer da pobreza miséria ou da pobreza uma riqueza faz toda a diferença.
O dinheiro comanda o mundo, embora seja verdade que quem mais o possui, mais possuído é por ele. É um “ditador global”. Quem não tem dinheiro não descansa porque precisa dele. Quem tem muito não consegue repousar porque nunca se satisfaz com ele (“Deste lado da Teosfera”, J. António Teixeira). O “glamour” do dinheiro propõe-nos quatro plataformas de encantamento. Ou se ganha, ou se rouba, ou se herda, ou é sorte do Euromilhões. Não há outra hipótese de nos socorrermos dele, a não ser através da Assistência Social, uma praga que perverte a lógica das quatro “honestidades” universalmente reconhecidas: trabalhar, gamar, herança ou raspadinha. Os subsídios do estado social são a engorda duma fidalguia que recusa deixar o “Paraíso Terreal” das origens. Nesse princípio, Deus expulsou o homem e a mulher, a fim de comerem por conta própria. Entretanto, o anarco-socialismo recomenda os apetites do comodismo e salve-se quem puder. Se o erário público alimenta uma fidalguia neo-parasita, tanto melhor. Colher frutos na árvore do vizinho, os impostos do Estado, é próprio do golpismo que, infelizmente, o socialismo anárquico nos quer impingir.
Se o dinheiro comanda a humanidade, quem a salva é a fé. Deus detesta perder. Nas “obras de misericórdia”, é distributivo; no “Pai-Nosso”, esbanja-se; no “acto de contrição”, é avarento porque tudo faz para não perder ninguém. Assim é Deus. É, talvez, “o maior ditador global” da história da humanidade. Contudo, impõe-se uma cautela. Nos dinheiros do Estado, apanhe quem puder. Na oferta gratuita da Fé, salve-se quem quiser. Termino o articulado com uma frase garrafal do escritor irlandês Óscar Wilde (1854-1900): “Quando era jovem pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Agora, que sou mais velho, tenho a certeza.”

Pe. Bártolo Pereira