Última hora

“Bar Pioneiro”. E tudo um incêndio levou

3 Junho 2016
“Bar Pioneiro”. E tudo um incêndio levou
Opinião
0

03/06/1971. Quarenta e cinco anos depois, recordo com todo o respeito e um abraço de amizade aos sobreviventes desse trágico incêndio e que os mais velhos comigo ainda brincaram na “Beijoca”. Hoje lembro esse fatídico dia em que esse incêndio destruiu, por completo, o “Bar Pioneiro”, roubando também a vida à Maria Baptista Araújo da Silva, de 7anos e do Victor Manuel, de 3 anos.
Ainda hoje, recordo quando ao passar pelo Palácio da Justiça, em construção, me cruzei com a “Zilda”, eu que ia para o Colégio de S. José e ela para a” escola dos Correios”, lhe perguntar se sabia de onde vinha todo aquele fumo, e, que a sirene dos bombeiros insistentemente anunciava algo de grave.
Mal eu sabia, e, a Zilda longe estaria do seu pensamento pensar que naquela nossa breve troca de palavras a sua casa era devorada por um incêndio que também lhe roubava para sempre dois irmãos.
O “velho” Aníbal, o nosso bem conhecido “ ninguém me ajuda”, proprietário do Bar, perdera, em poucos minutos, dois filhos e todos os haveres que laboriosa e honradamente tinha junto com tanto e tanto sacrifício, como cobrador nas “camionetas” da empresa “Caetano, Cascão, Linhares”, da vizinha Vila, e no primeiro bar que construíra junto ao também desaparecido “Café Restaurante Praia Azul”.
Foi o senhor Vice-Presidente da Câmara, Dr. José Maria F. Bompastor que iniciou um movimento de solidariedade tão grande, que nenhum Vilacondense ficou indiferente ao seu apelo para que se pudesse erguer tão breve, quanto possível, o “Bar Pioneiro”.
Foi também o Eng.º Carneiro, juntamente com os funcionários da repartição técnica da nossa Câmara, que elaboraram o projeto e justo é de salientar a empresa de Filinto Maia da Páscoa e a maquinaria do Eng.º Arlindo Maia que se colocaram à disposição para iniciar as obras, que contaram com a colaboração de muitos vilacondenses voluntários.
E, foi assim, que passados apenas quatro meses, a 9 de outubro de 1971, esta fidalga, nobre, e altruísta gente de Vila do Conde entregou de coração aberto leia-se “segundo Pioneiro” ao Aníbal e à sua família.
Como curiosidade recordamos que o custo da obra importou em cerca de 700,00 contos, hoje 3.500.00euros.

Artur Bonfim