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Polícia Marítima identifica pescadores de enguia branca em Vila do Conde

14 Março 2016
Polícia Marítima identifica pescadores de enguia branca em Vila do Conde
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A Polícia Marítima de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim apanhou em flagrante delito seis indivíduos, identificando-os, que estavam a capturar meixão (enguia branca), nos passados dias 8 e 9 de março, em Vila do Conde.
A operação da Polícia Marítima de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim junto ao rio Ave, na Avenida Figueiredo Faria, junto à meia laranja de Vila do Conde, identificou seis indivíduos, apreendeu seis camaroeiros e devolveu ao habitat natural quinhentos gramas de enguia branca.
A espécie é muito procurada no mercado negro e tem um elevado valor comercial. A enguia-de-vidro (meixão) é muito apreciada na região de Espanha e, embora a pesca da enguia branca tenha sido proibida em 2000, em todos os rios à excepção do Minho, as autoridades apreendem regularmente, em acções de fiscalização, dezenas de quilos de meixão pescado ilegalmente.
Para apanhar o juvenil da enguia, os pescadores usam redes idênticas às mosquiteiras, que não deixam escapar nenhum peixe e, depois da pesca, o meixão chega a ser vendido, vivo, a 500 euros o quilograma. E nos restaurantes pode atingir os mil euros.
Para os espanhóis é uma iguaria de luxo. Em alguns países asiáticos também.
Em Portugal, o meixão ou angula (juvenil da enguia) não consta habitualmente nos cardápios dos restaurantes, mas é capturado ilegalmente ao longo de quase toda a costa para exportação e o negócio rende milhares de euros, ilegalmente, e coloca em perigo a subsistência da espécie.
O meixão tem a forma típica da enguia, mas o corpo é transparente e bastante mais pequeno (mede entre 4 e 5 centímetros). Nasce no mar dos Sargaços (no meio do Atlântico) e viaja depois até aos rios europeus. Isto porque, no Outono, as enguias adultas partem dos rios europeus para o mar dos Sargaços, onde desovam a profundidades elevadas e acabam por morrer. Cada fêmea faz a postura de milhões de ovos. Após subirem à superfície, as larvas da enguia começam a ser arrastadas pela corrente quente do golfo do México até às costas europeias. Dos 20% que sobrevive à viagem, cerca de 80% morre devido à necessidade de adaptação às condições do novo meio ambiente. Durante a migração, a enguia-de-vidro não se alimenta e a viagem até à costa europeia é feita à deriva. Só após essa longa viagem, que chega a atingir os 7500 quilómetros, é que a angula começa a ter capacidade autónoma de movimentação. Ao chegar aos rios, os juvenis da enguia penetram até às zonas mais limpas, onde ficam durante 7 a 15 anos, até regressarem ao mar dos Sargaços, já adultos, para reproduzirem e morrerem.
A captura da enguia branca é proibida em todos os rios portugueses à excepção do Minho e é punível com coima de 600 a 37500 euros.