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1516–2016 – Foral de Vila do Conde

25 Março 2016
1516–2016 – Foral de Vila do Conde
Opinião
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Vila do Conde tem nome prenhe de nobreza. “Villa de Comitis”, terra de Condes. Deixo aos investigadores o assunto da certidão de baptismo desta encantadora e laboriosa região. O historiador Joaquim Pacheco Neves, num capítulo do seu livro, “Vila do Conde-2010”, em “Últimas Palavras”, afirma que “uns completam os outros” quando se escreve sobre a história e o povo desta princesa da foz do Ave. Tem razão o historiador. Contudo, por pouco que se acrescente, é sempre novidade que impede que Vila do Conde, órfã, perca a identidade.
Vila do Conde tem foral há 500 anos. Foral é documento que institui, regulariza, inventaria obrigações e taxas. Foral, concede direito a sonhar a terra que habitamos. Senti-la com toda a sua plenitude e adentrá-la através da nossa passagem por ela (Mia Couto, em “Terra Sonâmbula”). A terra passeia por nós e a sua história, costumes e cultura, beliscam a alma, queiramos ou não. O Foral de Vila do Conde, outorgado pelo Rei D. Manuel I em 1516, é um diploma intrinsecamente ligado ao Mosteiro de Santa Clara. Regula tributos e taxas a pagar ao referido Mosteiro.
Muitas são as majestades de Vila do Conde. O seu Mosteiro e a sua Matriz são a consciência, fiadora da moral e reserva ética da região. O Castelo, ao pé da Senhora da Guia, vigia o atrevimento de possíveis invasores. A Senhora da Guia dá-se ao mar e tem “mutualismo” de simbiose com rochas de perfil com figurinos que o mar esculpiu sem autorização camarária. A Capelinha e o Forte são “defensão da barra”, com praias de moralidade recomendada. Tem redes e onde há “redes, há rendas” que são de bilros. Tem aqueducto e muitos espaços de inspiração, onde Régio se “espraiava” juntamente com intelectuais passantes. Vila do Conde tem a majestade dum povo que há 500 anos conquistou Foral.
A Câmara Municipal vai assinalar o “Dia de Vila do Conde”, em Março, com uma iniciativa cultural no Teatro da Cidade. É dia de encontro; de reconciliação cívica; dia de Parabéns.

Pe. Bártolo Pereira