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Em 2016, três “Bodas de Ouro” assinaláveis

19 Fevereiro 2016
Em 2016, três “Bodas de Ouro” assinaláveis
Opinião
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A literatura romântica criou um mito ao assinalar os 50 anos dum qualquer acontecimento. Chama-lhes bodas de oiro, contra os 25 que são de prata e os 75 de diamante. Desde que fomos expulsos do Paraíso (Gn.3,23-24), vivemos em “pleno vento” e por conta própria. Qualquer paraíso terá que ser conquistado, caso contrário, todos os paraísos serão “paraísos perdidos”. À conta doutrem só o mandrião foge ao esforço do reencontro (“Entre-tanto”, José F. Correia). Celebrar datas e acontecimentos é saudável e todos têm o valor do metal mais precioso: o esforço humano.
A morte do senhor Walt Disney aconteceu há 50 anos. A criação da banda desenhada do Rato Mickey faz parte dum roteiro cultural que o mundo explora com sucesso. Walt Disney faz da vida uma paixão. Consegue uma ascensão constante do ideal, mesmo que seja a insignificância dum ratinho que se afidalga até atingir o patamar dum herói, audaz e aventureiro.
Há 50 anos, em abril de 1966, foi inaugurada a ponte sobre o rio Tejo, em Lisboa. Surripiaram-lhe o nome. De “ponte Salazar” passou a ponte 25 de abril. A revolução democrática dessa data recorreu ao jogo, sempre ínvio, “aquilo que não é meu, faz-me falta”. As pontes são linguagem de comunicação. Herança da cultura romana. Configuram entendimento e relação. Encurtam caminhos, transpõem obstáculos, sinalizam destinos. Em Portugal há um défice de pontes a servirem uma fraternidade de povos com história milenar.
Há 50 anos, a Igreja Católica abdicou dum instrumento perverso de controlo sobre a literatura, dita anti-católica. O índex dos livros proibidos. A barca da Igreja nem sempre é serena sobre as águas da sua navegação. Em 1864, o Papa Pio IX responde vigorosamente aos ataques dos sistemas liberais nascentes com uma encíclica, “Quanta Cura”, acompanhadadum anexo, o “Syllabus”. Foi um combate contra o mundo moderno que o Papa Paulo VI, em 1966, aboliu. Parabéns ao Papa que nos libertou dessa geringonça anti-cultural.

Pe. Bártolo Pereira