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Os abusos da Indaqua

20 Janeiro 2016
Os abusos da Indaqua
Opinião
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É sentimento geral que temos vindo a ser constantemente explorados pela empresa fornecedora de água e saneamento, Indaqua-Vila do Conde. Isto acontece desde que estes serviços passaram para o domínio privado, onde só os lucros a qualquer custo são o que interessa. Culpo a Câmara de então por ter feito esta concessão, este contrato danoso para os contribuintes e consumidores e penso que proveitoso para meia dúzia que à custa disso embolsam milhões.
Aproveito a circunstância para testemunhar, na minha pessoa, uma situação que aconteceu quando me dirigi a essa empresa para denunciar o contrato de utilização.
Tenho uma casa desabitada desde que a familiar faleceu e só lá vou de vez em quando para arejá-la e limpar alguma coisa.
Como todos os meses estava a pagar cerca de 20.00€, praticamente sem consumos, resolvi pedir a rescisão do contrato. Perguntaram-me se a casa é um apartamento ou uma moradia, como é uma moradia unifamiliar fui informado de que além do corte da água também o saneamento iria ser tamponado para evitar qualquer descarga de água.
Achei interessante esta forma discriminatória, que logo à partida está errada e sem cabimento social, de agir conforme o consumidor habita certo tipo de habitação. Contestei dizendo que a casa está desabitada mas não está selada por ordem do tribunal, nem assombrada para ninguém lá entrar e sabemos que de vez em quando é necessário deitar alguma água com detergente e lixivia no saneamento para evitar maus cheiros e mosquitos além de que se, eventualmente, precisar de usar a sanita para alguma necessidade natural e não tendo água canalizada, terei que ter algum garrafão com água para despejar na sanita. O que vai acontecer é que esses dejetos vão ficar presos na caixa de saída provocando um problema de saúde pública. Disse ainda que não aceitava essa prática provocatória e ao mesmo tempo dissimulada para desencorajar a rescisão do contrato e pedi que revissem a situação pois a Indaqua deve-se pautar por uma política de serviço publico em que não deve prejudicar os consumidores.
Outro facto que também me provocou bastante indignação e revolta foi no acerto da faturação: a contagem era estimada e a Indaqua tinha faturado 3 m3 a mais, pelo que teria de ser abatido esse valor na importância a pagar. Para meu espanto reduzem a fatura em 1.93 €, então eu perguntei se fosse ao contrário, se fosse eu a ter de pagar 3 m3 a mais quanto seria, disseram-me que à volta de 25.00 € pois também faturariam as taxas e quando é para descontar só descontam a água. Voltei a questionar porquê que a proporção não é igual para os dois casos. São as regras diz-me a funcionária. Aconselhou-me a fazer uma exposição por escrito e assim fiz.
Agora permitam-me o meu desabafo: que roubalheira é esta? Em que país estamos? Como é que a autarquia, sabendo, permite uma coisa destas? Porque é que somos dos que em Portugal pagam a água mais cara? Porque é que pagamos taxas à Indaqua e ao mesmo tempo ao Município? Porque é que estas empresas têm milhões de lucros sabendo que existem pessoas que mal podem pagar a água?
É por isso que deflagram muitas bombas no mundo. Não há justiça, não há equidade, não há bom senso. E nós povo de brandos costumes, vamos inercialmente aceitando estes abusos? Até quando?

António Postiga