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Natal, um sonho que nos faz sonhar

14 Dezembro 2015
Natal, um sonho que nos faz sonhar
Opinião
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Nesta aproximação ao Natal quero dirigir-me à minha família gerada na fé e no afeto com um abraço amigo e reconfortante, que vos possa apertar por dentro, cingindo o vosso coração numa espécie de cateterismo que desbloqueia as artérias obstruídas e ajuda a respirar com folgo redobrado perante as aflições que a vida nos reserva.
Vivemos um tempo sem sabor, de irracionalidade, sem valores como, talvez, em nenhuma outra época. Uma espécie de sono que turba o sonho e nos mergulha no pesadelo.
O Natal é o superar as raivas, os rancores, a vontade de vingança, a violência atolada no coração do Homem. É permitir o sonho de um mundo que Deus colocou nas nossas mãos e deseja como reino de paz e amor. Para isso é imprescindível viver o perdão, a misericórdia. Um coração aberto e a jorrar amor verdadeiro e operante.
A paz que desejamos, e de que o Natal é primícia, não é uma amnésia, própria de quem esquece o mal realizado. É atitude de quem se envolve numa espiral de irracionalidade de amor, combatendo a irracionalidade fratricida. Do massacre no Bataclan, em França, mais alto do que o som das metralhadoras, ecoa no mundo a declaração do jornalista Antoine Leiris, em que diz aos terroristas: “Vocês não terão o meu ódio”.
Estimados paroquianos, permiti que vos proponha um Natal irracional e louco. Louco de amor, de entrega, descoberta e sonho. Sonhai um mundo sem limites, um mundo no qual o Verbo incarna para a regeneração do Homem. Saudai, abraçai, beijai, trocai sorrisos, ide ao encontro dos vossos familiares, dos vossos vizinhos. Num tempo de ampliação mediática, não fecheis os vossos corações, mediatizai a Boa Nova que Jesus nos trouxe, cantai com alegria, mesmo que desafinados, e não esqueçais que “cada um de vós tem um hino a entoar, um ensinamento a proferir, ou uma revelação, ou um discurso em línguas, ou uma interpretação, e que tudo se faça de modo a edificar” (cf. 1 Cor 14, 26) o sonho de Jacob, que viu “uma escada apoiada na terra, cuja extremidade tocava o céu; e, ao longo desta escada, subiam e desciam mensageiros de Deus (cf. Gn 28, 10-13)!
Em horas noturnas, próprias para dormir e sonhar, penso e rezo por todos a quem devoto esta mensagem natalícia. Aos meus paroquianos, especialmente aos mais idosos e doentes, às famílias, à minha família, aos movimentos de pastoral paroquial, às autoridades políticas, militares, económicas, culturais, associativas e religiosas, aos vilacondenses, um abraço amigo e sempre disponível para a todos servir!

Pe. Paulo César Pereira Dias