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Sexualidade com liberdade e elegância

6 Novembro 2015
Sexualidade com liberdade e elegância
Opinião
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A revista Playboy, fundada há 62 anos pelo senhor Hugh Hefner nos Estados Unidos, acaba de lançar uma “ofensiva” para vestir o nu. Playboy é uma publicação, queiramos ou não, de mundanidade interessante e atrevida que mantém a disposição de quem nem sempre aceita o jogo da seriedade. Tem clientela e tornou-se um fenómeno literário que aborda a sexualidade aberta à “à liberdade e à elegância”. Nasceu, expondo a intimidade de Marilyn Monroe para “distrair” os homens, em 1953. Seguir essa linha gráfica de nudez integral, comandada pelos Estados Unidos, ou não, é a viragem que acontece agora, para que cada mercado possa escolher livremente o desejo de “espreitar por baixo da roupa” ou “encher o olho com a nudez”.
A sexualidade é uma reflexão transversal ao tema desta crónica. A sexualidade não pode ser tabu nem desavergonhada. Não tem sexo nem religião. É estruturante no masculino e no feminino. Depois da revista Playboy, uma chuva de publicações de carácter erótico-pornográfico comercializou os instintos sem elegância e vendeu a alma ao diabo. Instalou-se a desordem e a regra do “erótico expõe para admirar” e o “pornográfico expõe para comercializar” ficou “sem regra”. O refúgio da revista procurou soluções nos bastidores da moral e, agora, com o nu vestido, passa das mãos dos maiores de dezoito anos para os de treze anos.
O “espírito Playboy” adorna muita gente e arrasta para uma complexidade “Dom-Joanista” a fina flor de qualquer galã de meia-idade. A música e a literatura encantam-nos com histórias desses eroticomaníacos apaixonados, mas sem perfil de amor verdadeiro. O “Barbeiro de Sevilha” de Rossini e o “Dom João” de Mozart distraem-nos com esse espírito conquistador que o dramaturgo Tirso de Molina (1583-1648) imortalizou. O “Don-Juanismo” não é inocente e a psicologia faz a respectiva análise ao carácter desses conquistadores que não conseguem entregar-se ao amor duma mulher. Egoísta e primitivo, o “Dom-João” é prisioneiro de instintos selvagens. Ávido de emoções, procura construir um arquivo de aventuras com mulheres que alimentam a sua neurótica libido. Nada mais.

Pe. Bártolo Pereira