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O meu desabafo

4 Novembro 2015
O meu desabafo
Opinião
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Senhor Eng.º Mário Almeida, permita-me, como um simples cidadão Vilacondense, contestá-lo por aquilo que tem vindo a escrever no seu Jornal de Vila do Conde, relativamente ao prédio em construção a norte da Igreja de Nosso Senhor dos Navegantes, em Caxinas.
Antes de mais, queria dizer-lhe que não tenho nada contra si. Eu, por princípio, não condeno as pessoas, mas sim os seus atos.
O grupo de treze pessoas que intentaram uma ação judicial não são um mero “grupo”, que o senhor quer menosprezar ao chamá-lo assim, representam uma parte bastante significativa da comunidade e que, como se recorda, recolheu quase 3 mil assinaturas de pessoas que estão contra aquela construção.
Permita-me dizer-lhe que quando não se consegue corrigir o que está mal, acaba-se a pensar que o que está mal até fica bem. Lembre-se que admitiu publicamente o erro. Um erro pessoal ou coletivo, pouco interessa, importa é que não deixa de ser um erro. Estar agora a querer dar a volta à cabeça das pessoas e a mentalizá-las para aceitarem o erro, é mais um erro.
Em todo este processo, o edil camarário cometeu erros atrás de erros e agora querem-nos fazer crer que os erros até estão bem, até valorizam. Lembra-se do plano pormenor do programa Polis, onde naquela zona aparecia uma bonita zona verde? Sabe que sempre fez crer aos Caxineiros que aquele terreno seria de proteção e apoio à Igreja? Qualquer pessoa de bom senso também pensaria assim. Fica mal dar o dito por não dito.
Aquele prédio foi um erro e não o conseguiu corrigir. Agora vem dizer que vai valorizar a Igreja, que fica a 14 metros de afastamento (não sei com que fita métrica mediu) ou então esqueceu-se que o adro pertence à mesma. Vem agora com ideias e projetos para aquela zona que não têm fundamento. Sabe, tudo isto é querer branquear todo o mal que foi feito. Como explica que já em 2008 existia uma planta na Câmara onde se previa um prédio a 4 metros da Igreja?
Há pessoas que têm dificuldade em reconhecer que estão erradas, têm dificuldades de convivência democrática, pois “queimam” cidadãos só porque não concordam com os seus atos, isto é a negação da própria democracia. Há pessoas que querem controlar, através de mecanismos subtis e engenhosos, tudo e todos, a justiça, a comunicação social, as associações, as coletividades e até a própria igreja. Parece que o senhor e a Câmara se querem enquadrar nesse grupo de pessoas.
Eu sei que o senhor até fez coisas boas e foi um bom autarca, mas tudo tem o seu tempo e acabou a cometer erros que poderia ter evitado. Com aquele prédio não só perde o senhor como perdemos todos. O município de Vila do Conde que sempre foi exemplo nas boas práticas urbanísticas neste caso “borrou a pintura”. Penso que terá sido o seu maior erro em toda a sua vida política. Eu no seu caso ter-me-ia retirado e até deixaria a vida política. Sabe que há gente nova que quer fazer coisas bonitas, deixe-os singrar! Não se agarre ao poder, não limite o pensamento dos seus concidadãos.
Este ano fez-se história em Vila do Conde, fizeram-se coisas que nunca tinham sido feitas e nada será como antes.
A cidadania exerce-se na sua plenitude, a democracia e a liberdade continuam e estão para durar, mesmo que alguns não as queiram.

António Postiga