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Perder peso – a sério! (Parte 1)

14 Outubro 2015
Perder peso – a sério! (Parte 1)
Opinião
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Há cerca de três anos, recebi uma carta do Ministério da Saúde. Basicamente intimava-me para que me deslocasse ao “meu” Centro de Saúde para ir conhecer o “meu” Médico de Família. Convirá esclarecer que sou um privilegiado: tenho imensos amigos médicos e, quando há algum problema, basta um telefonema para marcar um encontro e resolver a questão – e de borla. Ou quase, porque há sempre o jantarzinho de agradecimento…
Dizia eu que recebi a tal carta e, por insistência da minha mulher, lá agendei a visita para a primeira hora da manhã, para que o evento não me dinamitasse a agenda. “Não te preocupes que eu conheço-a muito bem, é amiga dos meus pais, aquilo vai ser um instante, nem te examina nem nada”, esclareceu-me aquela que eu escolhi para me aturar diariamente… No dia aprazado lá fomos os dois e, efectivamente, a senhora Doutora revelou-se uma médica encantadora… enquanto conversou com a minha mulher. Depois lembrou-se de virar para mim o seu ponto de mira e desatou a metralhar-me: “peso?…99kg”, “altura?…1,76m”, “colesterol?…acho que sim…”, “triglicerídeos?…provavelmente…”, “fuma? não”, “bebe? raramente.” Nem acreditava na agente que me julgava como se fosse o autor do atentado às Torres Gémeas. “Mau!… Mas o que é isto? Vim parar a Guantánamo? Será que ela pensa que é o Jack Bauer?…” Eu lá fui respondendo conforme sabia até que a senhora Doutora sentenciou: “o senhor é uma bomba relógio!”. Ainda não me tinha recomposto deste soco directo vindo da direita quando ela me enfiou um de baixo, pela esquerda: “e só não explodiu porque não fuma nem bebe!”.
“OK, Pedro, respira fundo!”, disse para comigo, tentando controlar-me. Vá lá, a senhora doutora deve ter percepcionado que eu estava próximo do “KO Técnico”, pelo que resolveu tornar-se amistosa: “do meu ponto de vista, só tem duas opções: ou começa a tomar medicamentos ou se põe já a mexer”…
Como sou, basicamente, “anti-medicamentos”, só me vi com uma porta para abrir: fazer desporto. Nesse mesmo dia dirigi-me a um ginásio, que me prometeu acolher-me de braços abertos se lhe desse trinta euros mensais em troca. Fraco, como estava, aceitei!…

(Continua)

Pedro Brás Marques